Economia
Investimentos em renda fixa pagam até 165% do CDI; confira opções
A poupança perdeu rentabilidade
Em 2020, a redução da Selic a 2%, a menor taxa de juros na história do país, movimentou o mercado de capitais. Em busca de maior rentabilidade, há quem tenha migrado para aplicações que podem ser mais lucrativas, a exemplo do CDI – e mais arriscadas -, como a Bolsa de Valores.
Opções como a poupança – que rende 70% da Selic anualmente, isto é, 1,4% – tornaram-se pouco vantajosas. Por outro lado, corretoras passaram a oferecer opções de renda fixa que pagam até 165% do CDI (certificado de depósito interbancário), que é um título que serve como lastro de empréstimos entre os bancos, hoje fixado em 1,9%. Quando a Selic sobe, essa taxa também tem alta e vice-versa.
CDI: investimentos
É o caso, por exemplo, do CDB (Certificado de Depósito Bancário), que é um título emitido pelos bancos para captar recursos de investidores e emprestar a pessoas ou empresas, com juros mais altos. A rentabilidade do título pode ser prefixada, atrelada à inflação (IPCA ou IGPM), ou pós-fixada, atrelada ao CDI, que é o mais comum.
Uma das vantagens é que o título conta com garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), instituição que protege o investidor até um teto de R$ 250 mil por instituição financeira.
Geralmente, há uma aplicação mínima, e um prazo de vencimento, isto é, uma data a partir da qual será possível resgatar o valor aplicado. Esse período pode ser de um mês ou até mesmo alguns anos, mas tudo varia conforme a instituição.
Gestoras
Na XP Investimentos, por exemplo, um investimento com aplicação mínima de R$ 1.007,06, com vencimento em 26 de novembro, rende 165% do CDI, isto é, 3,13% ao ano – mais que o dobro do que rende a poupança atualmente.
No BTG Pactual há opções com rendimento de até 147% do CDI, isto é, 2,79% ao ano, como é o caso de uma aplicação mínima de R$ 10 mil, com resgate em cinco anos.
Na Easynvest, o rendimento chega a 127% do CDI (2,41%). O investimento mínimo é de R$ 1.000, e o o resgate dos recursos aplicados pode ser feito a partir de 30 dias.
Ocorre que a taxa Selic deve sair em breve do atual patamar. No ano passado, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação no país, fechou o ano acima da meta estabelecida, que era de 4%. E para controlar o aumento de preços, o Banco Central deve começar a subir as taxas de juros já nas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária).
A previsão atual é de que a taxa supere 4% ao final do ano e chegue a 6% em 2022. E, segundo analistas, a elevação da taxa é um bom indicativo para os investidores, vez que a Selic e o CDI geralmente caminham lado a lado.
“O CDB é, inclusive, uma recomendação para as carteiras mais conservadoras. A remuneração desses títulos pós-fixados vai variar muito de acordo com a Selic. Se a Selic está em 2% hoje, 160% do CDI é uma coisa. Se a Selic sobe, 160% vai ser outra coisa. Então, acaba sendo algo que compensa”, observou o assessor de investimentos da Valor, Rodrigo Rosa.
Selic
Por outro lado, ele reforça que a Selic nada mais é que um mecanismo utilizado pelo Banco Central para conter a inflação e, com a elevação desta, os títulos atrelados ao IPCA, por exemplo, também se tornam mais rentáveis.
“É algo para ficar de olho. Mas, para o investidor mais agressivo, o próprio investimento e ações, dependendo do setor, pode se tornar mais vantajoso na medida em que as taxas de juros subirem. Se você investe em ação de um banco, e a Selic sobe, por exemplo, isso puxa para cima todas as taxas de financiamento, empréstimos. Então, o investidor tende a se beneficiar.”
O economista Thomas Giuberti, assessor de Investimentos da Golden Investimentos, aponta que, embora o CDB pós-fixado, atrelado ao CDI seja uma alternativa interessante de investimento, não é indicado “colocar todos os ovos na mesma cesta”.
“Tudo varia de acordo com o perfil do investidor, e a finalidade daquele dinheiro, se pode precisar a qualquer momento, se pode deixar parado por algum tempo. Mas o melhor é que haja algum equilibro e que as aplicações sejam distribuídas entre títulos pós-fixados, prefixados e indexados à inflação.”
Opções
Outra opção é a Letra de Câmbio, um título de renda fixa da mesma família do CDB e das LCIs/LCAs (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio). Contudo, em vez de ser um título emitido por bancos, é utilizada por financeiras – como sociedades de crédito, financiamento e investimento – para captar recursos no mercado e emprestar aos clientes.
Também é encontrado em formas pós-fixada – com rentabilidade vinculada ao CDI -, prefixada – com rentabilidade predefinida -, e híbrida, que une as duas modalidades.
Na XP Investimentos, há opções que chegam a render até 160% do CDI (3,04%) ao ano. É o caso de um investimento com aplicação mínima de R$ 994,43, com possibilidade de resgate a partir de março de 2023.
Na Easynvest, o rendimento é o mesmo do CDB, isto é, 127% do CDI, o que, atualmente, equivale a 2,41% ao ano. O investimento mínimo também é de R$ 1.000, e o o resgate dos recursos aplicados pode ser feito a partir de 30 dias.
O economista José Márcio Soares de Barros reforça que como as LCs têm uma margem bruta bem diferente dos bancos, muitas vezes pagam até mais que os CDBs.
“Se você pega uma letra de câmbio indexada ao CDI, por exemplo, você se dá bem porque não fica travado, como nos casos dos rendimentos prefixados. Se a Selic sobe, o rendimento também aumenta. E como a margem de lucro desses investimentos tende a ser maior que a dos CDBs, por exemplo, acaba sendo uma opção interessante.”
Como outros investimentos em renda fixa, as letras de câmbio também contam com garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos).
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