Economia
Procura por soja certificada deve sofrer aumento, diz associação do setor
Mesmo com a pandemia, a Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS) registrou aumento na procura por certificação.
A Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS) informou que o consumo da oleaginosa certificadas teve aumento de 35% no primeiro semestre deste ano. A expectativa de um especialista da RTRS para o setor é otimista, considerando uma maior procura por certificação de indústrias e tradings, mesmo com a pandemia.
A plataforma global RTRS registrou negociação de 1,5 milhão de toneladas no primeiro semestre de 2020, montante que aponta crescimento apesar de ser pequeno perto do comércio total. A RTRS promove a produção da oleaginosa cultivada com elevados rigores ambientais e sociais, possibilitando prêmios pagos sobre o preço da soja aos agricultores.
“A compra dessa soja certificada imaginamos que daria uma parada, mas foi o contrário, cresceu mais do que nos últimos anos. Dezessete países consumiram o material certificado só neste primeiro semestre”, afirmou o consultor da RTRS no Brasil, Cid Sanches. De acordo com ele, expectativa inicial estava baseada aos efeitos da pandemia do novo coronavírus.
O Brasil, maior produtor e exportador global de soja, viu o impulso da cotação do dólar frente ao real, por ser o país de maior presença na associação. Ainda de acordo com Sanches, os prêmios pagos pela oleaginosa sustentável chegam a girar em torno de 1% do valor do produto.
O consultor da RTRS no Brasil afirmou que não descarta que o apelo da sustentabilidade tenha orientado algumas transações, e apontou as novas empresas e as que mantiveram seu interesse como responsáveis pelo crescimento das preocupações ambientais sobre a origem da soja.
Impulso adicional
Sanches firmou ainda queo mundo observa como os brasileiros estão lidando com a questão ambiental e o impacto da agropecuária para as florestas, e que, como isso, um impulso adicional deverá ser visto em breve. Esse impulso virá em forma de mais tradings buscando certificação para poder negociar a chamada “soja responsável”.
“As tradings estão buscando essa segurança para ter uma oportunidade a mais para o seu cliente lá fora”, afirmou. E apontou uma dificuldade: “Na hora que precisa exportar, se a trading não está certificada, o produto perde a certificação”.
A brasileira Amaggi já tem todo o corredor do norte certificado pela RTRS, enquanto a Louis Dreyfus certificou uma unidade no porto de Santos. “Então já tem uma saída para Santos”, comentou.
Segundo ele, a Cargill já tem muitas unidades. Já a Cofco está se certificando no Paraguai e na Argentina, e a Bunge busca a certificação de plantas de processamento no Brasil.
“Vamos fechar o ano com estrutura pronta para exportação, de óleo e farelo, daí sim estaremos prontos para um crescimento sustentável”, concluiu.
Com a chegada de novos integrantes como a japonesa Fuji Oil Holdings Inc., a holandesa Remia C.V. e o Serviço Brasileiro de Certificações Ltda (SBC) à associação, a expectava é otimista.
Ainda no primeiro semestre de 2020, entraram na associação a Bakkavor Foods Ltd (Reino Unido), Foyle Food Group (Irlanda), Premier Foods PLC (Reino Unido), KellyDeli (Reino Unido), Koppert Biological Systems (Países Baixos) e SOK Corporation (Finlândia).
Soja certificada
Novas certificações enfrentaram dificuldades da pandemia no primeiro semestre devem ser aprovadas se o consumo de soja sustentável for firme. Paradas pela pandemia, as vistorias começaram a ser retomadas.
Para os produtores já certificados, as auditorias retornaram em junho, de maneira remota. Para Sanches o auditor acaba sendo até mais rigoroso trabalhando à distância. Já os trabalhos com novos candidatos ao certificado ainda não foram retomados.
Mais de 788.193 toneladas foram certificadas até junho deste ano na América Latina (Argentina, Brasil e Paraguai) e Índia. O Brasil é responsável por 685.607 toneladas, abaixo do que costumo, que era um montante superior a 1 milhão de toneladas.
Cid Sanches espera que a RTRS supere o valor anterior de 4,5 milhões de toneladas, e feche o ano com cerca de 5 milhões de toneladas de soja certificada no mundo.
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