Economia
Clientes Nubank devem se preocupar com os prejuízos milionários?
Apesar de ter registrado prejuízo 32% menor que no mesmo período do ano passado, a fintech ainda não conseguiu lucrar.
Em 2019, o Nubank registrou um prejuízo líquido de R$ 312 milhões. No primeiro semestre deste ano, os números também foram vermelhos, marcando prejuízo de R$ 95 milhões. Apesar desse valor ter sido 32% menos negativo que o rombo de R$ 139 milhões registrado no mesmo período do ano passado, a fintech ainda não conseguiu lucrar.
Bruno Diniz, especialista em fintechs e co-fundador da consultoria Spiralem, explica que “a empresa conseguiu manter o ritmo acelerado de crescimento, reduziu o prejuízo e ainda continuou entre as melhores fintechs do mundo”. O especialista também assegura que o prejuízo, apesar de milionário, faz parte de uma estratégia do Nubank.
“Os modelos de negócios de empresas de tecnologia sempre têm muito essa estratégia de sacrificar o lucro no curto prazo para conseguir expandir a empresa e se blindar da concorrência externa”, afirma Diniz. A estratégia tem se mostrado efetiva, visto que o banco digital teve um aumento de 54% no volume de transações, além dos recursos em caixa chegarem a R$ 19,9 bilhões.
Para Fernanda Garibaldi, pesquisadora da USP e especialista do Felsberg Advogados, o Nubank é a Amazon do mercado financeiro. A companhia de Jeff Bezos sofreu prejuízo em todos os cinco primeiros anos de operação, mas teve um rápido crescimento em seguida.
“Quando falamos de plataformas digitais, falamos de segmentos em que o ‘vencedor leva tudo’, ou seja, é muito importante crescer e expandir a base de usuários ao máximo para se consolidar”, afirma a pesquisadora.
Sobre o cenário em que o Nubank consiga lucrar, Diniz defende que a fintech terá que ampliar o leque de produtos financeiros para tornar o modelo de negócio sustentável. “A partir do momento que a empresa ganhar mais escala, vai ter que ampliar as ofertas financeiras para estabilizar os prejuízos e alcançar lucros”.
Garibaldi, por sua vez, assegura que essa dúvida em relação ao modelo de negócio permeia todas as startups. “É a pergunta de um milhão de dólares”, pontua. “O que acontece com a Nubank, e com as demais plataformas digitais, é que os investidores fazem uma aposta. Se formos levar pela Amazon, podemos dizer que é sustentável sim”.
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