Economia fraca dos EUA e reforma do IR adiada pautam Ibovespa

A reavaliação sobre as perspectivas de crescimento da maior economia mundial vem determinando, nesse início de quarta-feira (8), recuo dos índices futuros americanos, além de se refletir nos principais papéis europeus, que caem 1,3% (índice Stoxx 600).

Na véspera (7), feriado no Brasil, e um dia após o Dia do Trabalho, os negócios na terra de Tio Sam foram fracos, com o índice Dow Jones encolhendo 260 pontos, enquanto o Nasdaq (maior bolsa de tecnologia do planeta) havia avançado só 0,1%. O Standard and Poors (S&P), por sua vez, caiu 0,3%.

EUA esfria – A tensão mundial com origem ianque diz respeito à confirmação da tendência de desaceleração (ou não) da superpotência econômica, ainda às voltas com a sua pandemia, no dia em que o departamento de Emprego estadunidense divulga a pesquisa sobre abertura de vagas e rotatividade da mão-de-obra em agosto último. Ao mesmo tempo, o Federal Reserve (Federal Reserve, banco central norte-americano) lançará o seu Livro Bege, que dá detalhes sobre a atividade econômica em 12 distritos daquele país, quando também discursa o membro do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc na sigla em inglês) do Fed, John Williams.

Retirada lenta – Indicativo adverso foi dado na sexta (3) quando o relatório de empregos do EUA apresentou a criação de 235 mil empregos em agosto último, bem abaixo da previsão de economistas ao Dow Jones, de abertura de 720 novos postos de trabalho, ao passo que, no mês anterior, haviam sido criadas mais de 1 milhão de vagas. Todos esses fatores poderão reafirmar a disposição do Fed, manifestada pelo seu presidente, Jerome Powell, de retardar o ritmo de redução da compra de títulos federais, a título de estímulo à economia ianque, na casa de US$ 120 bilhões/mês, medida que impacta a economia internacional.

Ásia no negativo – Com desempenho diverso, as bolsas asiáticas apresentam tendência negativa, com o índice Hang Seng em queda de 0,12%; o Shanghai composto com recuo a 3.675,19 pontos; o Kospi, da Coreia do Sul retraiu 0,77. A única exceção da região coube ao índice Nikkei, do Japão, que subiu 0,89%, por conta da informação de que a economia nipônica cresceu 1,9%, entre abril e junho deste ano, no comparativo com igual período de 2020, e ainda acima da estimativa, de 1,3%.

‘Sem clima’ – No front doméstico, destaque para os desdobramentos políticos, no mercado futuro, das manifestações pelo 7 de setembro, com direito a novos ataques do presidente contra um dos ministros do Supremo, elevando ainda mais o tom da crise político-institucional, tornando mais complexo o desafio de levar a cabo a agenda de reformas, no Congresso.

Efeito imediato – Entre os efeitos imediatos, o cancelamento da agenda de votações da semana (leia-se, a reforma do IR), porque “não há clima” para tal, segundo o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), ao tempo em que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, adiantou que pretende se pronunciar oficialmente sobre a crise pós-feriado. Na avaliação do relator da PEC dos precatórios, Darci de Matos, o agravamento da tensão institucional tornou mais difícil uma saída para o projeto, via Conselho Nacional de Justiça (CNJ), conforme desejava Fux.

Acordo ‘melado’ – Reportagem do Valor Econômico indica que as bravatas presidenciais poderão ‘melar’ um suposto acordo, em curso, entre governo e o Judiciário, no sentido de reduzir o valor a ser pago com os precatórios – dívidas judiciais que exigem pagamento pelo governo. Para o ano que vem, a conta dos precatórios já chegou a R$ 89,9 bilhões, o que representa um aumento de R$ 40 bilhões em relação a este ano. Caso essa conta permaneça ‘salgada’, a principal vítima será o Auxílio Brasil, trunfo eleitoral maior do mandatário da hora, de olho no pleito de 2022. Se tudo falhar, o Planalto pode sacar outra carta da manga, por meio de nova proposta de emenda constitucional (PEC) no Congresso.

Brazil ADRs – A despeito da tensão interminável entre poderes e o ainda distante pleito de 2022, o principal índice de ADRS (negociados pela bolsa americana – NYSE), o Dow Jones Brazil Titans 20 ADR, apresentava – num ajuste à B3 – no feriado, alta de 0,47%, a 19.595 pontos, na ‘contramão’ dos demais índices (Dow Jones e S&P 500), que fecharam no negativo, amargando quedas de 0,76% e 0,34%, respectivamente. Na avaliação de especialistas, o melhor desempenho do índice de ADRs tupiniquins foi detido pelo peso caíram de alguns papéis, como os da Vale, que caíram 1,94%, em contraponto às ADRs do Itaú (+1,23%) e as do Bradesco (+0,23%).

IGP-DI – Na agenda do dia, logo cedo será conhecida, a inflação medida pelo IGP-DI, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV); divulgação, às 14h30, dos dados sobre fluxo cambial estrangeiro pelo Banco Central (BC), seguida pela participação, às 17h30, de evento do Credit Suisse, pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto.

Covid ‘por baixo’ – Por mais uma vez, a média móvel de mortes por covid em 7 dias no Brasil caiu, desta vez 27% em relação à marca de 14 dias antes, conforme informações do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias de Saúde no Brasil

Principais indicadores

*Dow Jones Futuro (EUA), -0,13%
*S&P 500 Futuro (EUA), -0,1%
*Nasdaq Futuro (EUA), -0,08%

Europa

*FTSE 100 (Reino Unido), -0,7%
*Dax (Alemanha), -0,91%
*CAC 40 (França), -0,51%
*FTSE MIB (Itália), -0,3%

Ásia

*Nikkei (Japão), +0,89% (fechado)
*Shanghai SE (China), -0,04% (fechado)
*Hang Seng Index (Hong Kong), -0,12% (fechado)
*Kospi (Coreia do Sul), -0,77% (fechado)

Commodities e Bitcoin

*Petróleo WTI, +1,36%, a US$ 69,28 o barril
*Petróleo Brent, +1,13%, a US$ 72,52 o barril
*Bitcoin, 10,04%, a US$ 45.947,54
*Sobre o minério: **Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian registram alta de 0,07%, cotados a 747 iuanes, equivalente hoje a US$ 115,65 (nas últimas 24 horas).
USD/CNY = 6,46