Agronegócio
Consórcio com milho pode aumentar produtividade da cana
Estudo da Embrapa mostra que a antecipação do plantio pode fazer crescer rendimento nas lavouras
Uma tecnologia que usa o milho para antecipar o plantio da cana-de-açúcar. Essa é a proposta da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) com o consórcio do cereal. Depois de pesquisas realizadas, notou-se que o plantio em consórcio com a cultura de grãos anula o risco do produtor não ter a área disponível para o plantio de cana no Cerrado e ainda garante resultados mais rápidos e rentáveis. A Embrapa defende que essa é uma opção inovadora e sustentável, pois protege o solo da erosão.
Mas de que forma funciona? Bom, enquanto o milho tem seu plantio feito integralmente no início do período chuvoso, o da cana é realizado no fim das chuvas, comumente no mês de março. Mas a proposta da empresa é alterar esse calendário e fazer com que parte da cana seja plantada também no início do período chuvoso para, assim, ampliar a janela de plantio e “desafogar” a implantação do canavial. A cana é plantada como se fosse cana de ano (12 meses), mas se comporta como uma cana de ano e meio (18 meses).
De acordo com João de Deus, pesquisador da Embrapa Cerrados, a alternativa pode ajudar no plantio. “Quando consorciada com milho no início do período chuvoso, a cana-de-açúcar apresenta excelente brotação, porém, paralisa o crescimento devido à competição por luz. Somente retoma o perfilhamento após a colheita do milho no fim do período chuvoso. Assim, a cultura é plantada de forma antecipada, mas fica em modo de espera até o fim do período chuvoso, quando o milho é colhido. Trata-se de uma visão inovadora em relação ao sistema de plantio de cana-de-açúcar utilizado no Brasil”, explica o especialista.
A tecnologia também melhora a janela de plantio, já que no sistema de consórcio não há necessidade da retirada rápida da cultura de grãos, uma vez que a cana já estará plantada. O método de cultura intercalar também auxilia na preservação do solo, que é coberto pela área foliar das culturas.
Experimentos já foram realizados em Planaltina (DF), Dourados (MS) e Jaguariúna (SP) e o resultado levou a uma produtividade média do milho foi de 8,5 toneladas por hectare. “Em nenhuma das situações a produtividade do milho consorciado com cana-de-açúcar foi menor do que o cultivo solteiro”, acrescentou o especialista. Já a média de produtividade de colmos de cana chegaram a 130 toneladas por hectare. Só em Dourados, no sistema proposto pela Embrapa, a renda bruta das duas culturas foi de R$ 6.898,00 por hectare.
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