Commodities
Desaceleração econômica da China afeta minério de ferro
Dependente da declinante economia chinesa, commodity brasilis tem futuro incerto
A centenária dependência nacional à pauta exportadora de produtos básicos está cobrando a conta. No caso atual, o minério de ferro pátrio está sendo duramente afetado pela desaceleração da economia chinesa, a segunda maior do planeta e maior consumidora mundial da commoditie.
Impacto maior – Frente a esse cenário global pouco promissor, fica perspectiva de que o impacto sobre a economia brasileira deverá superar a do resto do globo, sob o espectro de um desempenho reiteradamente mais fraco por parte da China, nos próximos anos.
Concerto adverso – Mesmo o gigante asiático não resistindo e tombando ante um concerto adverso de problemas, a exemplo da crise de energia, insolvência do setor imobiliário, interrupção das cadeias de abastecimento ou eventuais surtos da variante da covid-19. O resultado foi a apuração de um ritmo mais lento da economia do país oriental no terceiro trimestre do ano (3T21).
Recuo do PIB – Dados recentes apontam que o Produto Interno Bruto (PIB) chinês registrou crescimento de 4,9% no período no terceiro trimestre do ano (3T21), desempenho bem abaixo dos 7,9% exibidos pelo trimestre anterior (2T21). Essa performance representa uma desaceleração, se considerada a expansão de 18,3%, verificada no primeiro trimestre (1T21).
Proporção de queda – Segundo cálculos do Itaú Unibanco, cada ponto percentual de queda do PIB da China corresponderia a um recuo de 0,3 pontos percentuais para a economia brasileira. Como a projeção é de que a economia chinesa não cresça mais do que 5,1% em 2022, isso representa um crescimento pífio de 0,5% no ano que vem. Seguindo essa proporção, se o avanço do PIB chinês não passar de 4% em 2022, o Brasil não deverá crescer mais do que 0,2%, calcula a economista do Itaú Unibanco, Luka Barbosa.
Tolerância zero – Devido à política tolerância zero ante à pandemia, mediante a adoção de toda sorte de restrições, a economia local foi duramente afetada e não se recuperou até agora, conforme acentua a também economista do Itaú Unibanco, Laura Pitta. “Ao contrário da China, outros países caminhavam para uma situação de convivência com o vírus.”
Momento superado – Para analistas, já foi ultrapassado aquele momento em que o país asiático obtinha taxas de crescimento anuais de 10%, como nos anos 2000, marcado pela forte urbanização, seguida pelo boom imobiliário do país oriental.
Mudança de matriz – Igualmente contribuem para o recuo chinês, os projetos de mudança da matriz energética do país, que busca energias mais limpas, a ponto de o governo local determinar a desativação de minas de carvão, medida que descambou na crise atual.
Exportações encolhem – “A crise não é só na China, mas ela veio piorar os planos de recuperação do Brasil, com aumento de preços de defensivos agrícolas chineses, o que vai pesar nos preços dos alimentos no Brasil lá na frente, além da diminuição nas exportações de minério de ferro”, prevê o professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Roberto Dumas Dumas, para quem a “entrada menor de dólares no Brasil, o câmbio também deve continuar pressionado, diz Dumas.
Valor é a questão – Ao frisar que o impacto da desaceleração chinesa deve se concentrar nos preços das commodities, o consultor e ex-secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, salienta que “ninguém espera que a China deixe de comprar do Brasil, mas a questão é o valor”, uma vez que atualmente o preço futuro varia conforme a demanda chinesa, como deve estar caindo em outros países.
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