Incerteza sobre poder de ômicron e votação dos precatórios pautam Ibovespa de quinta

Uma vez, pelo menos parcialmente, debelado o pânico sistêmico quanto ao poder destrutivo da variante ômicron da Covid-19, as bolsas mundiais apresentam desempenho diverso, com avanços dos índices futuros dos EUA, mas quedas nos mercados asiático e europeu.

Fed fatal – Mais do que uma ameaça viral de potência não ratificada pela ciência, o que influi mais nas cotações, nesse momento, é a declaração da véspera (1º), por parte do presidente do Federal Reserve (Fed) – banco central ianque – Jerome Powell, de que pretende antecipar o corte de estímulos governamentais à maior economia do planeta, que recebe, desde a pandemia, uma bolada mensal de US$ 120 bilhões.

“Alguns meses antes” – “No momento, a economia está muito forte e pressões inflacionárias estão mais altas, de forma que é mais apropriado, do meu ponto de vista, considerar iniciar a redução das compras de títulos, talvez alguns meses antes. Espero que nós discutamos isso em nossa próxima reunião”, afirmara Powell.

Ganhos interrompidos – A informação do xerife da moeda ianque foi o suficiente para interromper os ganhos das bolsas, na manhã dessa quinta (2), depois da queda generalizada dos índices locais ontem (1º) – Dow Jones (-1,34%); S&P (-1,18%) e Nasdaq (-1,8%).

Vendas aceleradas – Outro reflexo foi aceleração de venda de ativos, sobretudo após o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC na sigla em inglês) ter confirmado o primeiro caso da variante ômicron em solo ianque, no estado norte-americano da Califórnia. A notícia já afetou as ações de empresas de turismo e de companhias aéreas do país.

Emprego vai bem (EUA) – No entanto, se depender do relatório nacional de emprego da ADP, a economia do Tio Sam vai bem, obrigado, pois o indicador apresentou avanço de 534 mil vagas em novembro, ante uma expectativa de acréscimo de 506 mil vagas às folhas de pagamento locais. O relatório da ADP mede a variação de empregos privados não-agrícolas, que corresponde a 400 mil clientes empresariais nos EUA.

Ásia ‘indecisa’ – Ao mesmo tempo, as bolsas asiáticas apresentaram resultados mistos, nessa quinta (2), em que o ‘fator ômicron’ teria derrubado os mercados chinês e nipônico, mas não evitou o avanço de Hong Kong e da Coreia do Sul. A expectativa, agora, é quanto à divulgação, na noite de hoje (2) do Índice do Gerente de Compras (PMI na sigla em inglês) dos serviços do Japão, em novembro último. Mais tarde, é a vez de conhecer o PMI do setor de serviços Caixin, também referente ao mês passado.

Europa cai – Devido ao mesmo princípio pandêmico adverso, a Europa recua 1%, segundo aponta o índice continental Stoxx 600, puxado para baixo, sobretudo, pelas ações de tecnologia, a exemplo do desempenho negativo de todos os demais setores.

PIB negativo – No campo pátrio, a principal notícia (que deverá exercer regressivo nas cotações tupiniquins), é o recuo de 0,1% do PIB no terceiro trimestre deste ano (3T21) – quando totalizou R$ 2,2 trilhões – em relação ao trimestre anterior (2T21), mas alta de 4%, se confrontado com igual período de 2020 (3T20), conforme divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado apresentado está em linha ao esperado pelo mercado, em torno de 4,2%.

‘Excelência corporativa’ – Mas a ironia do dia, por enquanto, fica por conta do reconhecimento do Ministério da Economia à ‘excelência corporativa’ da Petrobras, a quem ‘agraciou’ com a certificação no Indicador de Governança da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (IG-Sest). O reconhecimento (a companhia atingiu o nível 1, mais elevado do IG-Sest), ocorre poucas semanas após a estatal ter sido ameaçada de intervenção federal pelo Executivo, preocupado com o eventual dano que a alta dos combustíveis provocaria em sua campanha pela reeleição, no pleito do ano que vem.

‘Chovendo no molhado’ – O diário da pandemia do dia fica por conta da declaração, tão óbvia, quanto desnecessária, da Organização Mundial de Saúde (OMS), ao afirmar “esperar que aumente o número de casos da variante” – já presente em 23 países – enquanto a ciência ainda ‘patina’ em fornecer dados mais consistentes quanto ao alegado poder de mutação ou de contágio da cepa. Até agora, Estados Unidos, Gana, Nigéria, Noruega, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Coreia do Sul e Irlanda confirmaram seus primeiros casos da variante Ômicron.

Fabricantes valorizam imunização – Nesse aspecto, ganha vulto a afirmação de alguns fabricantes de imunizantes, no sentido de que, “mesmo nos casos em que a infecção ocorre, a vacinação pode ser capaz de atenuar o impacto da variante Ômicron sobre a saúde, ajudando a evitar quadros graves”.

Três casos  (Brasil) – Pelo segundo dia, continua limitado a três o número de casos registrados no Brasil, todos com evolução favorável no tratamento aplicado. No quadro da média móvel de mortes por covid-19, mais uma vez, houve recuo de 13%, se comparado com o patamar de 14 dias antes, conforme informou o consórcio de veículos de imprensa.

Adiamento estratégico – Na agenda econômica do Congresso, após novo adiamento na véspera (1º), a expectativa é de votação da PEC dos Precatórios no Plenário do Senado, onde agora o Executivo contaria com os votos para aprovação da matéria, que exige 49 votos, dos 81 possíveis, em dois turnos. Ainda assim, ela volta à Câmara, para nova rodada de dois turnos, para, só então, seguir à sanção presidencial.

Fatura garantida – Independentemente do resultado da sessão de hoje (2), o Planalto já se antecipou, ao enviar ao Legislativo, nessa quarta (1º) projeto de lei, visando abertura de crédito especial no valor de R$ 2,8 bilhões, a título de custear o auxílio emergencial.

Justificativa pífia – Como não possui fonte de receita identificável, restou à Secretária-geral da Presidência justificar a medida como ‘crédito será financiado pelo cancelamento de dotações orçamentárias”. Isso sem contar com outros R$ 300 milhões, mediante o mesmo artifício ‘legal’, para custear o chamado vale ‘pleito’ gás, e o ‘crédito suplementar’ de R$ 889,5 milhões a diversos ministérios, além de transferência a estados e municípios.

Petróleo avança – No terreno das commodities, os preços do petróleo têm alta de 1%, marcando recuperação moderada ante às perdas de ontem (1º), enquanto o mercado aguarda ‘maior clareza’ da Organização dos Países Produtores de Petróleo, mais a Rússia (Opep+), no que toca à oferta do produto no mercado, já acrescido de 400 mil barris/dia.

Minério recupera perdas – Na semana mais ‘positiva’ dos últimos dois meses, o preço do minério de ferro segue em expansão, para recuperação das perdas acumuladas no período. A evolução positiva decorre, entre outros fatores, pelo anúncio de cortes na produção pela Vale, mas também pela demanda aquecida das usinas siderúrgicas chinesas, que têm conseguido repor mais rapidamente os estoques de curto prazo, aponta o analista da Huatai Futures, Wang Haitao.

Principais indicadores

Estados Unidos (futuro)

Dow Jones, +0,95%.

S&P 500, +0,74%.

Nasdaq Futuro, +0,44%.

Ásia

Nikkei (Japão), -0,65% (fechado).

Shanghai SE (China), -0,09% (fechado).

Hang Seng Index (Hong Kong), +0,55% (fechado).

Kospi (Coreia do Sul), +1,57% (fechado).

Europa

FTSE 100 (Reino Unido), -0,65%.

Dax (Alemanha), -0,99%.

CAC 40 (França), -0,7%.

FTSE MIB (Itália), -0,85%.

Commodities

Petróleo WTI, +2,42%, a US$ 67,16 o barril.

Petróleo Brent, +2,4%, a US$ 70,49 o barril.

Minério de ferro, -3,10%, a 609 iuanes (US$ 95,55) – Bolsa de futuros Dalian (China).

Critptomoedas

Bitcoin, +-0,7%, a US$ 56.690,31.