Economia
Bolsas no ‘azul’; Fed e PIB de 1% para 2022 pautam Ibovespa de quinta
Política monetária ianque agrada mercados; crescimento pífio contrasta com IPCA de 4,7% no ano que vem
Um cenário azul sem nuvens. Assim pode ser descrito o panorama mundial, um dia após o Federal Reserve (Fed) anunciar, como esperado, a retirada mais rápida dos estímulos monetários à economia ianque, seguida de alta dos juros dos EUA, em 2020.
Retirada acelerada – De acordo com a decisão do Federal Open Market Committee (FOMC), comunicada ao mercado pelo presidente do Fed, Jerome Powell, dos US$ 120 bilhões ‘injetados’ mensalmente no mercado estadunidenses, a partir de janeiro próximo, serão retirados US$ 30 bilhões (US$ 20 bilhões de títulos do Tesouro e os demais US$ 10 bilhões de títulos lastreados em hipotecas).
Primeira redução – Na verdade, trata-se da segunda redução, pois em novembro último já houve a primeira, de US$ 15 bilhões (10 bilhões em compras de títulos do Tesouro americano e 5 bilhões em títulos indexados a hipotecas).
Três reajustes – Uma vez confirmada pelo Fed (no intervalo inicial de 0% a 0,25%), a taxa de juros será reajustada por três vezes, ao longo do próximo ano, o mesmo valendo para 2023.
Calibragem precisa – Pela reação positiva dos mercados, a ‘calibragem’ do Fed foi precisa, na direção de conter a alta da inflação local, que passou a crescer com a retomada da economia, ainda sujeita a choques de oferta decorrentes do período pandêmico.
Programação ‘alterável’ – De qualquer sorte, a autoridade monetária ianque já advertiu que, tanto a programação do tapering, quanto a dos juros, poderá ser alterada, conforme evoluir a economia local, tendo em vista a superação da crise viral e respectivas variantes, mediante avanço da vacinação no país.
Condições ‘acomodatícias’ – Na nota divulgada nessa quarta (15), a instituição assinala que “as condições financeiras gerais permanecem acomodatícias, em parte refletindo medidas de política para apoiar a economia e o fluxo de crédito para famílias e empresas dos EUA”.
Atividade mais fraca – Para analistas, as medidas anunciadas pelo Fed vão fazer com que a atividade econômica, no médio e longo prazos, se torne ‘mais fraca’, a despeito da convergência entre as curvas de juros de curto e longo prazos, o que pode tornar mais demorada a conquista do estado de ‘pleno emprego’.
Migração de investidores – Apesar da reação favorável dos mercados, para os países emergentes, a perspectiva altista dos juros da principal economia do planeta, com certeza, não é uma boa notícia, pois tais reajustes monetários elevam substancialmente os rendimentos dos títulos do Tesouro Americano, favorecendo a migração de investimentos para os EUA, que oferecem mais segurança e rentabilidade no momento.
Preocupação com variante – Ao fixar como metal prioritária o combate à inflação crescente na terra do ‘Tio Sam’, Powell manifestou preocupação com os eventuais danos que o avanço da variante ômicron pode provocar na cadeia de suprimentos do país, como também no uso da mão-de-obra, o que redundaria em elevação de custos.
Apertos monetários – Depois do Fed, hoje (16) é a vez do Banco da Inglaterra (BoE) e o Banco Central Europeu (BCE) anunciarem seus respectivos apertos monetários, por conta de ‘debelar’ a inflação em ascensão no ‘velho continente’.
Agenda EUA – Também nos EUA, serão divulgados nessa quinta (16), dados sobre a construção civil, em novembro; pedidos de auxílio-desemprego semanal (projeção de 200 mil pedidos, pela consultoria Refinitiv; produção industrial de novembro (projeção de avanço de 0,7% em relação a outubro; e do índice de gerente de compras (PMI) relativo à indústria e de serviços preliminares de dezembro.
Novo recuo do PIB – A queda da projeção do PIB tupiniquim (de 4,7% para 4,4%), para este ano é um dos destaques do Relatório de inflação do quarto trimestre (4T21), divulgado, hoje (16), pelo Banco Central (BC). Para 2022, o crescimento do PIB ficou mais pífio, ao cair de 2,1% para 1%.
IPCA a 10,2% – No que toca à inflação (variação do IPCA, o índice oficial), a projeção é de que esta deverá encerrar 2021 em 10,2%; e em 4,7% no ano que vem, já muito próximo, portanto, do teto da meta do BC, fixada em 5%. De acordo com estimativa da autarquia, há 41% de chance de o IPCA ‘furar’ o teto da meta inflacionária em 2022.
Petróleo avança – Enquanto os mercados europeus e asiáticos operam no positivo, o petróleo avança, mediante a demanda aquecida pela commoditie nos EUA, mas também reflete a decisão do Fed de ‘combater a inflação’.
Reajustes salariais – Na agenda brasilis, uma vez garantido o avanço da PEC dos Precatórios no Congresso e seu jabuti orçamentário Auxílio ‘pleito’ Brasil, agora o Executivo acaba de encaminhar pedido de reserva de recursos no montante de R$ 2,5 bilhões para efeito de ‘reajustes salariais’, num claro aceno aos ‘esquecidos’ servidores federais, com proventos defasados há, pelo menos, dois anos. A prioridade do Planalto, com a medida, é agradar o segmento de forças de segurança, leia-se Polícia Federal, Polícia Rodoviária e Departamento Penitenciário.
Governo contra-ataca – A despeito da forte resistência do Senado, o governo mudou de ideia, e agora insiste na privatização dos Correios, a ‘toque de caixa’, ao estabelecer prazo-limite para aprovação do respectivo projeto de lei no Congresso, o que, em tese, viabilizaria a venda da estatal, antes do final do mandato presidencial, no ano que vem.
Promessa ‘furada’ – Por fim, o Senado aprovou ontem (15) o texto-base do relator da reforma do Imposto de Renda (IR), senador Angelo Coronel, que corrige a tabela para a Pessoa Física, de modo que a faixa de isenção passa de R$ 1,9 mil para R$ 3,3 mil mensais, bem abaixo da promessa de campanha do mandatário da hora, de uma isenção na faixa de R$ 5,5 mil.
Covid cai – No diário da covid, houve recuo de 31% do número de casos no país (150) na média móvel de mortes em sete dias, se comparado ao patamar de 14 dias antes, conforme informou o consórcio de veículos de imprensa.
Principais indicadores
Estados Unidos (futuro)
Dow Jones, +0,46%.
S&P 500, +0,57%.
Nasdaq, +0,72%.
Ásia
Nikkei (Japão), +2,13% (fechado).
Shanghai SE (China), +0,75% (fechado).
Hang Seng Index (Hong Kong), +0,23% (fechado).
Kospi (Coreia do Sul), +0,57% (fechado).
Europa
FTSE 100 (Reino Unido), +1,17%.
Dax (Alemanha), +1,85%.
CAC 40 (França), +1,39%.
FTSE MIB (Itália), +1,23%.
Commodities
Petróleo WTI, +1,10%, a US$ 71,65 o barril
Petróleo Brent, +0,89%, a US$ 74,54 o barril
Minério de ferro, +2,75%, a 673,00 iuanes ou US$ 105,71 (Bolsa de Dalian – China).
Criptomoedas
Bitcoin, +0,57% a US$ 48.835,30.
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