Volatilidade ‘persistente’ no mercado coloca em risco IPOs neste ano

Caso a volatilidade, tanto interna, quanto externa, persista por mais tempo, só tende a crescer a ‘fila’ de empresas que desistiram de fazer a abertura de seu capital (IPO, na sigla em inglês) no B3 (B3SA3) este ano, apontam analistas de mercado.

Desistências de R$ 7 bi – Desde o início de 2022, pelo menos cinco delas já anunciaram essa decisão, são elas: Dori Alimentos, Ammo Varejo, Environmental ESG Participações, Vero e Monte Rodovias. As operações perdidas poderiam movimentar, não fosse a crise, em torno de R$ 7 bilhões.

Agravamento fiscal – A desistência é a mesma, mas as motivações são bem distintas entre as empresas. A Dori, por exemplo, antes tomar a medida drástica, havia solicitado, em outubro último, à B3 somente a suspensão do IPO, que não pôde ser mantida, após o agravamento fiscal. Sua operação poderia chegar a R$ 1 bilhão.

Recuo em agosto – Dono da marca MMartan, a Ammo Varejo, que pretendia captar, com seu IPO, R$ 700 milhões, mas recuou da ideia, em agosto último, quando o mercado não mais se abriu para novas ofertas.

Oferta de R$ 3 bi – A Environmental ESG Participações – controlada pela Ambipar, de gestão de resíduos – preparava sua oferta, no segundo semestre do ano passado, com expectativa de obter R$ 3 bilhões com a operação.

IPO com oferta primária – Por fim, a Monte Rodovias – do grupo de concessões Monte Equity Partners – programava seu IPO com oferta primária, para o final do primeiro semestre de 2021, pela qual queria levantar R$ 1 bilhão.

Prazo perto do fim – Há outras, porém, cujas ofertas foram suspensas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), por 90 dias, um prazo que prestes a se esgotar. Nessa situação, se encontram a rede de supermercados Cenconsud; a incorporadora de galpões e condomínios Fulwood; a Interplayers Soluções Integradas, do mercado de saúde e bem-estar; e as empresas de cibersegurança Ish Tech e Claranet Technology.

Temporada até junho – Para os bancos de investimento, porém, a avaliação predominante é de que a temporada de captações deste ano deverá ser aberta até junho próximo, uma vez que a crise tornou o investidor ‘seletivo’, ante a problemas, como: taxa básica de juros (Selic), cujo percentual deve chegar aos dois dígitos, logo no início de 2022, assim como o aperto monetário a ser aplicado, em breve, pelo Federal Reserve (Fed), com a primeira – das três altas dos juros já previstas para o ano – para março próximo.