Economia
À revelia do discurso oficial, produtividade industrial ‘despenca’ há 28 anos
Segundo FGV, hora trabalhada caiu de R$ 45,50 para R$ 36,50 nesse período; agro é contraste à indústria
Sem medida alguma que reverta a decadência do indicador, a produtividade da indústria de transformação nacional amarga, há 28 anos, uma queda de quase 1% a cada ano. Para melhor entendimento do nosso leitor, basta saber que, enquanto em 1995, um trabalhador ganhava R$ 45,50 por hora trabalhada, o valor desta despencou para R$ 36,50, no ano passado, atesta o Observatório da Produtividade Regis Bonelli, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
Em que pese algumas melhorias pontuais em determinados anos, nessas quase três décadas, a margem de queda anual é de -0,9%. Segundo o economista e coordenador do Observatório, Fernando Veloso, “para um país se tornar competitivo, ganhar mercado interno e exportar, tem de melhorar sua produtividade”.
Na avaliação de Veloso – que responde pelo trabalho que mede a produtividade por horas trabalhadas na indústria de transformação – a elevação da produtividade contribui para ampliar a competitividade da empresa, uma vez que os trabalhadores produzem mais, os preços dos produtos recuam, à medida que se reduzem os custos, enquanto as vendas e as exportações crescem.
No entendimento de analistas e empresários, é lamentável que o presidente e seu vice releguem a segundo plano o indicador da produtividade por horas trabalhadas, cuja importância foi substituída pelo conceito de ‘neoindustrialização’, neologismo cujo discurso se basearia em fazer com que “a indústria recupere seu papel de ‘fio condutor’ de uma política econômica em favor da geração de renda e empregos mais intensivos em conhecimento e de uma política social que investe nas famílias”.
Em contraponto à verborragia oficial, o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), André Passos Cordeiro, considera urgente a criação de uma política voltada à produtividade industrial, que interrompa a ‘desidratação do setor’. “Já perdemos muitos setores importantes por falta de atenção à indústria como bloco, e é importante o sinal do novo governo de que se importa com isso, mas é preciso ir além”, observa o dirigente, ao acrescentar que “o Brasil se preocupou, corretamente, em dar competitividade ao agronegócio, mas não fez o mesmo com a indústria nos últimos anos”.
A avaliação de Cordeiro é confirmada pelos dados do Observatório da Produtividade, ao mostrar que, de uma produtividade/hora de R$ 5,90, em 1995, o setor agropecuário saltou para R$ 25,50 no fim do ano passado, num crescimento médio anual de 5,5%.
Reforçando a visão de Cordeiro, Veloso atesta que “a agropecuária continua subindo muito, e a indústria está caindo”, porque o setor primário brasileiro é competitivo, tem muita inovação, exporta e importa bastante, ou seja, é um setor conectado com a economia global. Sua expectativa era de que “seria muito importante para a indústria seguir os caminhos que a agropecuária vem seguindo há algumas décadas; é o que os países chamados de tigres asiáticos fazem”. O segredo de tal diferença entre setores fundamentais, de um mesmo país, está na pesquisa tecnológica, na formação de mão de obra especializada e um arranjo produtivo eficiente, dentro de um modelo de desenvolvimento eficaz adotado, há décadas, pela agropecuária.
Ao comentar que a reforma tributária deve contribuir para alavancar a competitividade industrial, Veloso destaca a importância da adoção de políticas específicas, como o investimento em capital humano. “Principalmente com o avanço da Inteligência Artificial (IA) e o uso mais intensivo de robôs na indústria, os trabalhadores precisam ter mais escolaridade, mais treinamento do que tinham no passado, porque a indústria está usando essas ferramentas tecnológicas com muita intensidade, e a necessidade de qualificação está aumentando”, concluiu o economista do Ibre/FGV.

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