Bancos
Aperto global deve afetar, de ‘forma mais severa’, emergentes, como o Brasil
Previsão sombria é do presidente do BC, Campos Neto, após participar de reunião do FMI
O aperto de liquidez global, em decorrência da elevação dos juros nos Estados Unidos, poderá afetar de ‘forma mais severa’ as economias emergentes, como a do Brasil. A advertência foi feita, nesta segunda-feira (23), pelo presidente do Banco Central (BC), ao comentar o quadro externo atual, marcado pela maior ‘aversão ao risco’, em decorrência de conflitos geopolíticos (na Ucrânia e no Oriente Médio), ainda sem solução à vista.
Ante a possibilidade de agravamento da tensão internacional – que pode ‘descambar’ em radicalização, inclusive, envolvendo superpotências – o ‘xerife do real’ reiterou sua defesa em favor da aprovação do pacote de medidas, enviado pelo governo ao Congresso Nacional, no sentido de elevar as receitas da União e de obter a chamada ‘reversão do déficit primário’.
As declarações do dirigente monetário tupiniquim foram proferidas durante sua participação no evento “Reflexão sobre o cenário econômico brasileiro”, organizado pelo Estadão, com apoio do Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), em parceria com o B3 Bora Investir, site de notícias e conteúdo educacional produzido pela Bolsa,
Ao admitir que o cenário externo fez com que “a barra ficou mais alta, agora tem que fazer melhor”, Campos Neto admitiu que “o dever de casa ficou um pouco mais difícil porque a liquidez está mais apertada”, ao explicar que, com a redução dos fluxos de capital em direção a emergentes, “o mercado está mais exigente em relação ao ajuste das contas públicas”.
Embora reconheça que o Executivo esteja se ‘esforçando’ na questão fiscal, sobretudo, no que toca à convergência dos índices à meta de inflação e ao cumprimento do arcabouço fiscal, o dirigente monetário tupiniquim, todavia, condicionou o avanço desta matéria à aprovação, pelo Legislativo, de medidas que impliquem ampliação de receita e, ao mesmo tempo, evitem uma trajetória ascendente da dívida pública.
Segundo Campos Neto, como a ‘reversão dos estímulos fiscais concedidos pelos governos de países desenvolvidos na pandemia (com o objetivo de impedir uma depressão econômica global) não ocorreu de ‘forma sincronizada’, as condições fiscais, tanto nos EUA, quanto na Europa, ‘estariam muito frouxas’, redundando em pressão altista de juros para o mundo inteiro.
Neste aspecto, o presidente do BC destacou ter saído da última reunião do FMI (Fundo Monetário Internacional (FMI), há duas semanas, com a determinação de chamar a atenção sobre o impacto da alta dos juros no mundo desenvolvido sobre a liquidez global. “Cheguei ao FMI com essa mensagem na cabeça, minha fala seria sobre o fiscal no mundo desenvolvido”, concluiu.
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