Agronegócio
Azevinho pernambucano (Ilex sapiiformis): Espécie extinta há 185 anos é encontrada em Pernambuco e traz esperança sobre o futuro
O Azevinho pernambucano é uma espécie muito antiga que foi dada como extinta há 185 anos e recentemente foi reencontrada
Em uma emocionante expedição liderada pelo pesquisador Gustavo Martinelli, do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a engenheira agrônoma e especialista em botânica, Juliana Alencar, e o professor Milton Groppo Júnior, botânico da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, realizaram uma descoberta surpreendente: o azevinho pernambucano (Ilex sapiiformis), uma espécie considerada extinta há 185 anos, foi encontrada em Pernambuco.
Fonte: Fred Jordão/Reprodução
A história do achado
A família Aquifoliaceae, à qual pertence o azevinho pernambucano, é a mesma do chá-mate e dos azevinhos, conhecidos por serem usados na decoração de Natal no Hemisfério Norte, especialmente nos Estados Unidos e na Europa.
Popularmente chamadas de “Holly” em países de língua inglesa, essas espécies eram desconhecidas em coleções científicas há quase dois séculos.
A descoberta ocorrida em uma área de remanescente florestal em Igarassu, próxima a uma usina de açúcar e praticamente no ambiente urbano, é de extrema importância.
Até então, não havia registros sobre os frutos da planta, que se revelaram carnosos, com tonalidades que variam do vermelho ao roxo, e potencialmente uma fonte de alimento para pássaros.
A redescoberta e a importância da preservação
A líder da pesquisa, Juliana Alencar, doutora em Botânica, explica que a redescoberta do azevinho pernambucano envolveu uma meticulosa investigação baseada no diário de viagem do naturalista escocês George Gardner.
Durante sua expedição ao Brasil, entre 1836 e 1841, Gardner coletou amostras da espécie, depositando-as em herbários internacionais.
Com base nas anotações de Gardner, o grupo realizou um minucioso mapeamento da região, identificando pontos visitados pelo naturalista e áreas prováveis para a busca.
Apesar de terem sido encontradas duas coletas nos herbários locais, datadas de 1962 e 2007, estas estavam erroneamente identificadas, o que torna a redescoberta ainda mais notável.
O ambiente único da descoberta
A localização do azevinho pernambucano é igualmente significativa. Encontrado em uma propriedade particular em Igarassu, a área permite pesquisas científicas e coletas de plantas.
Juliana Alencar destaca a importância dos levantamentos florísticos na região, contribuindo para o enriquecimento do conhecimento sobre a flora local.
Mistérios em torno dos frutos
Ainda há mistérios a serem desvendados sobre o azevinho pernambucano. A botânica ressalta a incerteza quanto ao consumo dos frutos por espécies animais e se eles possuem propriedades úteis para os seres humanos.
Comparando-o com o Ilex paraguariensis, conhecido como erva-mate e pertencente à mesma família e ao mesmo gênero, a pesquisadora destaca a importância de compreender o papel dessas plantas na comunidade e os possíveis impactos de sua extinção.
A descoberta do azevinho pernambucano não apenas resgata uma espécie presumivelmente extinta na natureza, mas também oferece a oportunidade crucial de propagá-la, protegê-la e salvá-la da extinção.
Esta redescoberta reitera a importância da preservação ambiental e do constante esforço para entender e proteger as espécies que habitam nosso planeta.
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