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Banco Central dos EUA vai pesar a mão na economia; como isso reflete no Brasil?

Conteúdo Especial: inflação, juros, dólares e seus efeitos no dia a dia do brasileiro.

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O Banco Central dos EUA vai pesar a mão na economia. Isso porque o Federal Reserve (Fed) não está dando conta de conter a inflação por lá.

Na última reunião do Federal Open Market Committee (FOMC), a autoridade monetária elevou a taxa de juros com menos intensidade, em 0,25 ponto percentual ante o 0,50 p.p. da reunião anterior. Assim, a taxa ficou no intervalo entre 4,50% a 4,75% ao ano.

Isso porque a inflação nos EUA está em 6,5%, conforme levantamento recente, volume considerado totalmente atípico para o padrão norte-americano.

Na prática, significa dizer que o poder de compra das famílias está sendo corroído. O que se vê por lá, hoje, é gasolina mais cara, alimentos mais caros, e contas domésticas mais caras.

Por isso a autoridade monetária vem se esforçando para conter o avanço dos preços, por meio dos juros, mas, por incrível que possa ser, os indicadores continuam mostrando uma economia pressionada, com mais empregos sendo criados e salários subindo.

Em uma primeira olhada, se poderia imaginar que esta deveria ser uma boa notícia, como geralmente é, mas isso depende do cenário inflacionário. Desta forma, neste caso não é uma boa notícia.

Por isso o Banco Central do país e o governo, por meio de políticas econômicas, tentam “desacelerar” o volume de contratações, bem como o consumo.

Até parece uma contradição: o país mais consumista do mundo tentando fazer sua população consumir menos, e é exatamente isso!

Acontece que com mais gente empregada e, consequentemente, com mais dinheiro no bolso, é mais gente comprando roupas, tênis, eletroeletrônicos, viajando e, assim, fazendo a “roda” da economia girar. Entretanto, esse movimento aquece o mercado e a inflação começa a subir.

Com isso, uma inflação subindo, em um cenário onde ela já está alta, representa um problema e tanto para as autoridades políticas e fiscais.

Veja da seguinte forma: a inflação alta é uma doença e os juros funcionam como um remédio amargo para a economia.

Quando o governo eleva o juro, ele está encarecendo o crédito. Esse movimento funciona como um “aspirador” que vai sugar o “excesso” de dinheiro na praça.

Banco Central dos EUA vai pesar a mão ainda mais

Um estudo elaborado por acadêmicos e economistas divulgados nesta sexta-feira aponta que o Fed possa precisar elevar as taxas de juros a 6,5% para derrotar a inflação.

Os pesquisadores disseram que “nas circunstâncias atuais, uma ‘desinflação imaculada’ seria sem precedentes”. Também argumentaram que os formuladores ainda têm uma perspectiva excessivamente otimista e precisarão infligir alguma dor econômica para controlar os preços.

“Nossa análise lança dúvidas sobre a capacidade do Fed de projetar um pouso suave no qual a inflação retorne à meta de 2% até o final de 2025 sem uma recessão leve”, escreveram. O estudo de 55 páginas incluiu uma série de simulações para prever caminhos prováveis para as taxas. Os modelos computacionais sugeriram que as taxas atingiriam um pico de 5,6%, 6% ou 6,5% no segundo semestre de 2023.

Indicadores

  • Vendas de moradias novas sobem 7,2% em janeiro, na margem, ante previsão de alta de 0,6%;
  • Índice de sentimento do consumidor sobe a 67 em fevereiro (final), ante expectativa de 66,4;
  • Expectativas de inflação de um ano sobem de 3,9% em janeiro para 4,1% em fevereiro. Expectativas de inflação em 5 anos seguem em 2,9%;
  • Índice de preços de gastos com consumo (PCE) avança 0,6% em janeiro, de alta de 0,1% em dezembro. Na base anual, 5,4%, de 5,3% em dezembro. Núcleo do PCE em janeiro sobe 0,6%, de alta de 0,3%. Consenso era de alta de 0,5%;
  • Gastos com consumo, sobem 1,8%, ante projeção de 1,4% na margem. Em dezembro, recuou 0,2%;
  • Renda pessoal em janeiro sobe 0,6%, ante projeção de alta de 1,2%. Em dezembro, subiu 0,2%;
  • Os pedidos iniciais de seguro-desemprego cederam em 3 mil, a 192 mil, ante consenso de 200 mil. Já os pedidos contínuos tiveram a maior queda desde dezembro (37 mil), para 1,65 milhão;
  • PIB do 4TRI (2ª leitura) vai a 2,7%, ante expectativa de 2,9% estimados na base trimestral. No 3TRI, subiu 3,2%;
  • Como a alta dos juros nos EUA afeta o Brasil?

Primeiramente cabe destacar que a alta dos juros nos EUA afeta os mercados globais e, geralmente, os bancos centrais dos demais países aguardam o posicionamento do Fed para somente depois implementarem suas políticas econômicas.

No caso do Brasil, pode-se destacar – de início – que o primeiro efeito dos juros altos de lá, aqui, é a fuga de investidores. Ou seja, ao invés de o investir estrangeiro alocar dinheiro em ativos brasileiros, ele prefere comprar títulos públicos de seu próprio país, os chamados BONDS.

Essa estratégia tem por finalidade se proteger contra a própria inflação que aflige seu país e consome o poder de compra das famílias. Assim, com menos apetite a risco, ele vai em bisca de ativos de proteção, para resguardar seu patrimônio.

O segundo efeito imediato dos juros altos norte-americanos sobre a economia brasileira pode ser visto no câmbio. Acontece que com o investidor “saindo” do Brasil e entrando nos “EUA”, o dólar fica apreciado e o real desvalorizado. No popular: o dólar sobe e o real cai.

Isso porque com menos dólares circulando na economia brasileira, ele fica mais “valioso”, ou caro, frente à moeda local, que neste caso é o real.

Ainda em relação ao câmbio, os produtos importados ficam ais caros. Por isso, qualquer empresa que necessite trazer insumos de fora para o país, para dar seguimento a sua fabricação, precisará encarecer o preço deste ao consumidor final.

É o caso, por exemplo, do pão. O trigo que se usa na fabricação deste produto é adquirido da Argentina, cuja cotação se dá em dólar. Logo, se o dólar encarece, o pão também encarece.

Entretanto, compreenda que esse cenário não é de todo ruim. Há sempre alguém que quando a gangorra sobe, ele sobe junto. É o caso dos exportadores brasileiros. Imagine um empresário que mande açaí para o exterior, certamente ele irá ganhar mais, vendendo a mesma quantidade, visto que o dólar se valorizou.

É preciso conhecer essas nuances para, assim, se reposicionar de forma adequada a não perder dinheiro e – se possível – até ganhar algum dinheiro.

Redatora. Formada em Técnico Contábil e Graduada em Gestão Financeira. Contato: simonillalves@gmail.com.

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