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Economia

Banco Central reforça consequências de piora fiscal em orientação futura para Selic

BC vem reiterando que não pretende elevar a Selic a menos que a projeção de inflação fique suficientemente próxima da meta.

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O Banco Central reiterou nesta terça-feira sua mensagem sobre uma possível lacuna para reduzir a taxa básica de juros, atualmente no patamar histórico de 2% ao ano, e destacou que está monitorando o agravamento do quadro fiscal e suas consequências para a política monetária, a despeito da manutenção nominal do regime do teto de gastos.

As indicações foram feitas nesta terça-feira com a divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

Na semana passada, quando o BC manteve a Selic no atual nível, grande parte do mercado ficou decepcionado com a comunicação da autarquia e entendeu que, apesar de reconhecer uma pressão inflacionária mais forte no curto prazo, a autarquia mantido sua orientação futura (forward guidance) e a porta aberta para eventual corte nos juros básicos no futuro.

Desde agosto, o BC vem deixando claro que não pretende elevar a Selic a menos que as estimativas e perspectivas de inflação fiquem próximas da meta o bastante. Para que essa forward guidance se mantenha, o Copom disse que é necessário que o regime fiscal seja também mantido.

Mais cedo nesta terça, o BC reiterou que essas condições seguem satisfeitas, mas acrescentou que “alterações de política fiscal que afetem a trajetória da dívida pública ou comprometam a âncora fiscal motivariam uma reavaliação, mesmo que o teto dos gastos ainda esteja nominalmente mantido”.

“Essa reavaliação seguiria o receituário do regime de metas para a inflação, sendo baseada na avaliação da inflação prospectiva e de seu balanço de riscos”, disse.

Além disso, a autoridade tentou explicar a manutenção da indicação de que “o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”, durante sua comunicação da semana passada.

Agentes encararam a manutenção dessa parte do texto como uma indicação de porta ainda aberta para eventual corte na Selic, mesmo que as condições inflacionárias e as preocupações fiscais tenham piorado de setembro até o momento.

A frase, na verdade, “está ligada às restrições de caráter prudencial para movimentos de redução da taxa básica de juros e, portanto, precisa ser mantida na comunicação”, explicou o BC na ata.

O BC sinalizou ainda que a discussão sobre um potencial limite efetivo mínimo para a Selic voltou à pauta pelo Copom, sendo que a maioria dos membros do colegiado acredita que “já estaríamos próximos do nível a partir do qual reduções adicionais na taxa de juros poderiam ser acompanhadas de instabilidade nos preços de ativos”.

Levando em conta o histórico da economia brasileira operando com a Selic em nível alto, os juros baixos sem precedentes “podem comprometer o desempenho de alguns mercados e setores econômicos, com potencial impacto sobre a intermediação financeira”, avaliou o BC.

Inflação

A respeito da recuperação econômica, o BC citou que os dados recentes continuam indicando um movimento desigual, com retomada relativamente forte no consumo de bens duráveis e do investimento, mas fraqueza no setor de serviços.

“Prospectivamente, a pouca previsibilidade associada à evolução da pandemia e ao necessário ajuste dos gastos públicos a partir de 2021 aumenta a incerteza sobre a continuidade da retomada da atividade econômica”, disse o BC sobre o cenário fiscal.

“O Comitê ponderou que essa imprevisibilidade e os riscos associados à evolução da pandemia podem implicar um cenário doméstico caracterizado por uma retomada ainda mais gradual da economia”, acrescentou.

Sobre inflação, a autoridade monetária admitiu ter aumentado sua estimativa para o desempenho do IPCA nos últimos meses do ano, reflexo da alta contínua nos preços dos alimentos e de bens industriais, acompanhando a valorização do dólar ante o real, além da elevação de preço das commodities e dos programas de transferência de renda.

Para o BC, uma normalização parcial de preços ainda deprimidos com o aumento na mobilidade e do nível de atividade deve ser vista. Mas ele espera reversão da “elevação extraordinária” dos preços de alguns produtos por causa da “redução provisória na oferta em conjunção com um aumento ocasional na demanda”.

“Dessa forma, apesar de a pressão inflacionária ter sido mais forte que a esperada, o Comitê mantém o diagnóstico de que esse choque é temporário, mas monitora sua evolução com atenção”, afirmou.

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