Commodities
BP Bunge fixa venda de açúcar para os próximos dois anos e estima capacidade plena até 2022
Empresa já fixou 60% de sua comercialização de açúcar da safra de 2021 e 40% de suas vendas de 2022.
A joint venture brasileira de açúcar e etanol BP Bunge Bioenergia desfrutou do que a empresa considerou uma “condição rara do mercado” para adiantar a definição de preço das vendas da commodity para as próximas duas temporadas.
Com ano de operação conjunta em 11 usinas em cinco Estados do país, e empresa já fixou 60% de sua comercialização de açúcar da safra de 2021 e 40% de suas vendas de 2022, afirmou neste sexta-feira o CEO Geovane Consul.
“Aproveitamos uma situação de alta dos preços do açúcar em Nova York ao mesmo tempo em que a moeda local estava caindo fortemente, o que é bastante raro”, disse Consul em entrevista, destacando que as cotações médias para o próximo ano estão 10% acima do ano anterior, enquanto os preços para 2022 são 8% maiores que os de 2021.
Os preços do adoçante bruto na ICE chegaram a uma máxima de nove meses de 15,66 centavos por libra em novembro e foram vendidos por cerca de 15 centavos grande parte de outubro e novembro, quando a moeda brasileira rondava mínimas históricas ante o dólar, o que impulsionou os ganhos em moeda local para as usinas do país.
A elevação do preço do açúcar foi resultado principalmente de cortes de produção em regiões como Tailândia e Europa, junto com a formação de uma grande posição comprada de fundos.
“Paramos de fazer hedge agora com a valorização do real. Há também a perspectiva de possíveis problemas de safra no Brasil por conta do clima, então decidimos interromper a fixação do preço”, disse Consul.
O CEO e o presidente do conselho da BP Bunge, Mario Lindenhayn, mostraram que temem os impactos de uma prolongada seca nas principais regiões produtoras, mas ponderaram que a cana é uma cultura resiliente e pode se recuperar, o que faz a companhia adotar cautela nas previsões, o que deve ficar mais claro só em fevereiro.
De janeiro a outubro, o Brasil exportou quase 22 milhões de toneladas de açúcar bruto, versus 13 milhões de toneladas em igual período de 2019, de acordo com dados oficiais.
A China importou 3,7 milhões de toneladas nos dez primeiros meses do ano, contra 1,27 milhão de toneladas um ano antes, um fator que a BP Bunge considera positivo para os preços do açúcar no futuro, conforme os chineses refazem seus estoques.
“A China voltou com força ao mercado de açúcar… Estamos em dezembro e tem line-up (programação de navios) no porto…”, disse Consul, pontuando que é uma situação rara, uma vez que os embarques começam a diminuir a partir de agosto. Em outubro deste ano, o país registrou um recorde histórico mensal de embarques.
Produtividade
A BP Bunge Bioenergi não poderia ter tido um primeiro ano melhor, apesar das dificuldades criadas pela pandemia, tendo feito investimentos de mais de 1 bilhão de reais com recursos gerados pelas operações, disse o presidente-executivo e presidente do conselho da empresa, Mario Lindenhayn.
Ele afirmou ainda que o próximo passo do grupo, que deve levantar entre 5,5 bilhões e 6 bilhões de reais na safra atual, é elevar e preencher o uso da capacidade de moagem.
Atualmente, a capacidade de processamento de cana-de-açúcar é de 32 milhões de toneladas por ano. A JV deve moer 28 milhões de toneladas em 2020, praticamente estável ante a temporada anterior, quando produziu 1 milhão de toneladas de açúcar e 1,5 bilhão de litros de etanol.
Lindenhayn lembrou que a empresa investe mais de 1 bilhão de reais por ano em canaviais, entre plantio e tratos culturais, e que a ampliação e ganhos de produtividade ajudarão a fechar o espaço de capacidade e moagem em até dois anos.
Por meio de um “hub” de gestão logística da chamada cadeia CTT (corte, transbordo e transporte), que conta com conceitos de Indústria 4.0 (big data, inteligência artificial, machine learning, IoT, robótica), a empresa também tem aumentado a produtividade de suas operações, elevando o uso das colheitadeiras para 15 ou 16 horas de corte/dia, ante tradicionais 9 a 10 horas diárias.
A média de colheita de cana, que no setor está em cerca de 400 a 500 toneladas/dia, atingiu ao recorde de 1.100 toneladas/dia na unidade Tropical, no município de Edéia (GO), e média de 900 toneladas/dia nas 11 usinas da companhia.
A BP Bunge Bioenergi ainda possui três unidades rodando na atual temporada, estando duas usinas paulistas (Moema e Guariropa) perto de encerrar as operações na safra, quando a companhia maximizou a destinação de cana para açúcar para mais de 45% na média do grupo.
A companhia projetou ganhos de sinergias de 1,5 bilhão de reais durante o primeiro ano de atuação conjunta, parte que está sendo capturada, segundo executivos, já no ciclo 2020/21.
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