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Campos Neto aponta crédito direcionado como ‘vilão’ dos juros altos
Presidente do BC comparou modalidade de financiamento ‘à meia-entrada de cinema’
O crédito direcionado é um dos fatores determinantes para que se mantenha elevado o juro no país. É o que aponta o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, numa suposta defesa da manutenção, por tanto tempo, do aperto monetário pela autoridade monetária, que persiste em ‘segurar’ em 13,75% ao ano a taxa básica de juros (Selic).
Ao afirmar que o problema do juro alto no Brasil “não é só do Banco Central”, o dirigente argumentou que esse “é um problema de todos nós, é um problema do Banco Central, é um problema do governo, é um problema das pessoas. A gente tem de trabalhar juntos para resolver’, disparou.
Recorrendo a uma metáfora simples a respeito do vilão da carestia – que intitulou ‘meia entrada de cinema’ – o comandante do real explicou que “no crédito direcionado, a gente pode fazer a análise do cinema que vende a meia-entrada. Se eu vendo muita meia-entrada e quero ter o mesmo lucro, a entrada inteira eu tenho que subir o preço. O crédito funciona um pouco assim”.
Segundo Campos Neto, a pressão do crédito direcionado sobre os juros estaria relacionada ao alto volume de recursos envolvido na operação, cujas linhas de empréstimos apresentam taxas menores, em geral, por conta de subsídios.
De maneira geral, o chamado crédito direcionado está relacionado com linhas de empréstimos para habitação, voltadas à produção rural, sem contar aquelas concedidas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao setor produtivo, como também pelos demais bancos públicos.
Ainda sobre a questão creditícia, o dirigente do BC recorreu a mais uma metáfora, para explicar seu funcionamento no país, ao comparar o volume total de crédito no país a um ‘tubo’. “Se um pedaço do tubo está imobilizado [crédito direcionado, com juro mais baixo], eu tenho que aumentar a pressão no outro [subindo mais a taxa total]. Quando você tem muito crédito subsidiado, a sua potência de influenciar com o juro diminui. Então tem que ter um juro mais alto do que você teria”, sustentou.
Em outra abordagem, Campos Neto comentou, ainda, que a participação do crédito direcionado no volume total de crédito disponível no Brasil, de 42%, “é muito elevada”, ao lembrar que estimativas do BC indicam que entre países em estágio econômico semelhante, como Colômbia, China, Coreia do Sul, Peru e México, este último é o que apresenta o maior o maior percentual de crédito direcionado (26%).
Argumentos à parte, não é nada fácil para Campos Neto convencer a sociedade brasileira da necessidade de manter a Selic nas alturas, campeã mundial de juros, cujas taxas reais batem 8% ao ano, as maiores em seis anos.
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