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Campos Neto descarta queda breve da taxa de juros
Durante encontro em Londres, presidente do BC reiterou que ‘discussão’ sobre meta fiscal afetou ‘expectativas de inflação’
Não existe possibilidade de queda iminente da taxa de juros. A declaração, em tom taxativo, foi feita durante encontro com investidores estrangeiros, organizado pelo European Economics & Financial Centre (EEFC), em Londres, pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, nesta quarta-feira (19).
Na oportunidade o ‘xerife do real’ teceu elogios ao arcabouço fiscal anunciado pelo governo federal, mas acentuou que ‘ruídos’ sobre a meta da inflação acabaram afetando a política monetária.
Ao admitir não ter avaliado os detalhes do texto da nova proposta de regra fiscal, Campos Neto ressaltou, a respeito da condução atual da política monetária, que a ‘luta contra a inflação não foi vencida’, acrescentando que ‘o BC vai continuar sendo persistente’.
Sem perder tempo, o dirigente da autoridade monetária atribuiu à discussão promovida por integrantes do governo Lula, em torno da mudança da meta fiscal (leia-se, sua ampliação, a reboque da conveniência da política fiscal do Executivo) contribuiu para a ‘deterioração das expectativas de inflação para os próximos anos’. Em consequência da celeuma patrocinada pelo Planalto, Campos Neto projetou um acréscimo de quase um ponto percentual, de dezembro até agora nas estimativas de inflação para os anos de 2024, 2025 e 2026.
“Acho que parte da explicação tem a ver com a questão fiscal [a PEC da Transição e expectativa de maiores gastos acima da receita] e parte tem a ver com o governo falando em mudar a meta de inflação, dado que o governo escolhe a meta, e o Banco Central tem que executar. Acho que isso também criou alguma incerteza”, explicou o presidente do BC.
Àqueles que defendem com ardor uma ‘queda já’ da Selic, por conta do recuo dos indicadores inflacionários, Campos Neto argumentou que a trajetória de queda da inflação ‘não justificaria’ a redução dos juros. O que importa para o BC, segundo ele, é observar o chamado ‘núcleo da inflação’ para acompanhar a ‘tendência dos preços, sem considerar os ‘choques temporários’. Atualmente, a Selic está no patamar de 13,75% ao ano, o que equivale a uma taxa real de 8% ao ano, a mais alta do planeta.
“Quando olhamos para a inflação no Brasil, hoje, nós vemos o número cheio [a taxa total] sendo reduzido. O núcleo de inflação, contudo, ainda é muito resiliente. Está sendo reduzido, mas em um caminho mais lento. O que provavelmente significa que o trabalho não está finalizado e que precisamos ser persistentes”, concluiu.
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