Economia
Campos Neto: juros altos e ‘surpresas fiscais’ contribuem para valorização do real
Presidente do BC acentua que momento favorece economias emergentes, como o a brasileira
Juros altos mais ‘surpresas fiscais’ e rotação de ativos (do mercado financeiro) estão entre os fatores determinantes para a apreciação do câmbio, ou seja, a valorização do real frente ao dólar.
Ingresso expressivo – A explicação ‘tecnocrática’ do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, ao comentar o ingresso expressivo de capital estrangeiro no país, que chega a R$ 50 bilhões, desde o início do ano, turbinando a valorização do Ibovespa, que já acumula alta de 7,69% em 2022. “Isso está gerando a percepção de que é importante entrar agora”, acrescentou.
Adequação de regras – Na oportunidade, o xerife da moeda nacional e investidor offshore isento aproveitou para explicar que “as compras de dólares, feitas no ano passado por investidores, serviram para adequação a uma mudança nas regras de tributação do overhedge, fato que também deixou de ‘pesar’ contra o real”.
Economias ‘atraentes’ – Sobre economias emergentes, como a brasileira, Campos Neto ressaltou que elas ‘são particularmente atraentes a investidores globais que buscam ativos de valor ‘que possam conviver’ com inflação elevada.
À espera do ajuste – Quanto às perspectivas para os próximos meses, o xerife do real avalia que a situação econômica brasileira está sujeita ao ajuste de política monetária mundial em curso, acrescentando que a alta dos juros pelo Fed (Federal Reserve, bc ianque), a título de combater a inflação nos EUA (7,5% em 12 meses) pode ser positiva para países em desenvolvimento, como o Brasil, desde que os fluxos de investimento não ocorram de ‘maneira muito acelerada’
Pico em abril – No que toca à inflação, o presidente do BC entende que o pico inflacionário deverá ser atingido entre abril e maio próximos, quando poderá começar o processo de queda. “Acho que está na nossa conta que a inflação industrial cai e a inflação de serviços sobe”, disse, ao emendar que “o que aconteceu no meio do caminho foi que a inflação de serviços subiu mais rápido e foi mais disseminada, e a de industrial não caiu e em parte aumentou até a difusão. Houve obviamente uma preocupação em relação a isso”.
Inflação estrutural – Sobre a proposta de redução da tributação dos combustíveis, que beneficiaria o consumidor final, Campos Neto entende que a medida não afeta a inflação chamada estrutural. “Você pode ter uma queda de curto prazo, mas na parte de expectativa de inflação isso vai se incorporar, e esse elemento tende a prevalecer no médio e longo prazo”.
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