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Campos Neto pede ‘paciência’ ao país para cortar juros
Ao participar de evento, mesmo pressionado, presidente do BC não deixa ‘pista’ sobre prazo de queda da Selic
‘Muita calma nessa hora’. É mais ou menos o que pediu, durante participação em evento promovido pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, ante à profusão de críticas e cobranças, em especial, por parte de empresários do varejo, em relação à continuidade da taxa básica de juros (Selic) no patamar elevado de 13,75% ao ano, o que mantém o país com o título nada honroso de ‘campeão mundial dos juros reais’ – hoje de 8%.
‘Peço um pouco de paciência de todos’, reagiu o ‘xerife do real’, diante de uma plateia formada majoritariamente por executivos. “O Banco Central tem um horizonte e tem de olhar mais no longo prazo. Tenho certeza de que daqui a um ano voltarei aqui e a avaliação será boa em retrospectiva”, afirmou Campos Neto.
Na oportunidade, o comandante da autoridade monetária assinalou que “parte das narrativas que são construídas têm uma ansiedade legítima, de que os juros são altos. O Brasil sempre teve o juro real alto, mas a coisas estão se encaminhado de forma positiva. Peço um pouco de paciência de todos”, reiterou.
Horas antes, no mesmo evento do IDV, Campos Neto havia sinalizado que as projeções declinantes para inflação de longo prazo (2024 e 2025) ‘abrem espaço’ para que o BC dê início ao esperado corte dos juros, embora tenha ressalvado que “o Copom [Comitê de Política Monetária] não tomará decisões artificialmente”.
Em defesa da manutenção da atual política de aperto monetário, o dirigente do BC acentuou que “temos que manter a inflação sob controle. O trabalho está sendo feito e entendemos que está no caminho certo. Há um cenário bom, com crescimento sendo revisado para cima e inflação sendo revisada para baixo. Isso abre espaço. Estamos perto da reunião do Copom, eu sou um voto de nove, e não posso adiantar nada do que pode ser feito”.
Mais adiante em sua preleção, Campos Neto reafirmou a tese de “que o custo de não combater inflação é muito elevado”, argumentando que “a Selic, apesar de ‘super alta’, é hoje menor que a média histórica na comparação com outros países”.
“Entendo a insatisfação com os juros, mas é preciso ter paciência. Entendo que as empresas estão sentindo muito, algumas mais que outras, e vamos fazer uma força para atingirmos um ambiente de estabilidade para todos o mais rápido possível, mas fazer de forma artificial não alcançará o resultado esperado”, afirmou, acrescentando que a tarefa primordial do BC é “fazer inflação convergir para a meta, pois tentamos fazer o processo o antes e mais rápido para ter o mínimo de dor possível”.
Logo após pedir a palavra, a presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, Luiza Trajano, também presente no evento, foi incisiva com Campos Neto, ao declarar ter tentado fazer contato com este, “por mais de 20 vezes”, além de disparar: “Baixa os juros, mas não é 0,25 ponto porcentual, não, que é muito pouco”. Sobre o prazo de um ano, fixado pelo presidente do BC para uma avaliação positiva sobre a política monetária que conduz, Luiza, responsável por empregar cerca de 35 mil pessoas, metralhou: “Vai ter muita gente quebrada até lá”.
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