Clima atrasa colheita de soja brasileira

O forte volume de chuvas e o tempo nublado no Mato Grosso, considerado o maior produtor de soja no país, atrasaram a dissecagem de folhas no Estado e, consequentemente, o início da colheita, que estava prevista para começar após a segunda quinzena de dezembro. Agora, a estimativa é que a colheita seja realizada em janeiro.

Segundo Leandro Bianchini, supervisor comercial da Coacen, maior cooperativa do Mato Grosso, com a expectativa de safra recorde de soja do Brasil, tal desaceleração pode atrapalhar as exportações do produto. “Alguns vão colher depois do Natal, mas sabemos que outros vão esperar o ano que vem. Em 5 de janeiro, devemos estar trabalhando a toda velocidade e, em 30 dias, colhida a maior parte da safra”, afirma.

“Teremos chuvas durante a colheita, o que vai desacelerar o trabalho no campo, mas a expectativa geral é muito boa. A safra está excelente este ano”, disse Cleiton Gauer, superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA).

No Sul, o problema é a seca. A falta de chuvas em setembro atrasou o plantio no Oeste do Paraná, o que fez com que as perdas aumentassem com a baixa umidade do solo.

“No momento, não sabemos o quanto está perdido, mas é muito. Vamos esperar as chuvas para ver o que vai sobreviver”, informou Marco Bonesi, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja do Paraná (Aprosoja-PR).

Se a colheita mais lenta atrasar a chegada da safra aos portos, os Estados Unidos podem recorrer ao fornecimento imediato, o que tiraria a preferência brasileira.

Mas apesar das interferências climáticas, a safra brasileira deve chegar aos 142 milhões de toneladas, segundo estimativas da Conab. O volume é 4% superior ao registrado no ano passado e o maior já atingido. Segundo o Ministério da Agricultura, a receita recorde deve chegar a R$ 1,1 trilhão, 10% a mais do que em 2020.