Economia
CNI projeta crescimento de 1,6% do PIB para 2023
Juros altos são determinantes para recuo econômico, aponta entidade
A despeito da alta dos juros, a inflação persistente e o desaquecimento da economia mundial, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta um crescimento de 1,6% para o PIB em 2023, ante uma previsão de avanço econômico de 3,2% para este ano. A previsão faz parte do documento ‘Economia Brasileira 2022-2023’, divulgado ontem (6) pela entidade.
No caso da indústria, segundo o mesmo documento, a previsão ´de que o setor avance 0,8%, bem abaixo da estimativa de 1,8% para 2022, com destaque para o crescimento modesto de 0,3% da indústria de transformação, mediante a expectativa de melhor desempenho do segmento de bens vinculados à renda do que aqueles ligados ao crédito, em razão do aperto monetário, operado atualmente pelo Banco Central (BC) – taxa básica de juros atualmente no patamar de 13,75% ao ano.
Tema recorrente em suas declarações, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, tem ressaltado a importância de o país adotar um modelo de crescimento sustentável, com base numa reforma tributária sobre o consumo. Neste aspecto, o dirigente industrial aponta as principais demandas do setor, como a eliminação da cumulatividade e imediata recuperação dos créditos tributários devidos e não-pagos, seguida da correção do que considera ‘distorções’ do sistema tributário vigente, que concorre para a perda de competitividade industrial e, por efeito, da eficiência da economia nacional.
“O Brasil também está muito atrasado na adoção de uma política industrial moderna. Todas as nações desenvolvidas, e mesmo algumas que estão em estágio similar ao nosso, têm atuado para fortalecer ao máximo suas indústrias, sobretudo porque vivemos atualmente em um cenário de acirrada rivalidade entre os estados nacionais, barreiras comerciais e remodelação das cadeias globais de valor”, avalia Andrade
Ele lembra, ainda, que as maiores economias do planeta (Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul, China, Alemanha e outros países da União Europeia) deverão investir, nos próximos anos, cerca de US$ 5 trilhões em suas respectivas indústrias, mirando objetivos estratégicos, como a digitalização e a descarbonização da economia.
“Defendemos que o novo governo coloque como uma de suas prioridades a adoção de uma política industrial alinhada às melhores práticas internacionais, que tenha como objetivos o aumento da produtividade e a inserção das empresas brasileiras na economia global. As iniciativas devem prever ações que fortaleçam a indústria e ajudem o país a aproveitar as oportunidades abertas pela revolução tecnológica e pela transição para a economia de baixo carbono”, reforça o presidente da CNI.
Segundo Andrade, as propostas industriais integram o Plano para a Retomada da Indústria, já encaminhado à equipe de transição do governo eleito, que não inclui a criação de incentivos ou a redução de tributos, mas se baseiam em medidas que coloquem a indústria nacional ‘em igualdade de condições’, ante à ‘acirrada’ competição internacional, mediante o recuo do chamado ‘Custo Brasil’, acompanhado pela adoção de políticas de apoio ao setor, como as oferecidas aos seus concorrentes externos. “A premissa básica é a seguinte: não existe país forte e desenvolvido sem uma indústria competitiva e integrada ao mercado global”, completa Andrade.
Para o resultado positivo do setor este ano, a CNI aponta a contribuição decisiva da indústria da construção, que deve crescer 7%, sob o impulso de taxas de juros mais baixas, em 2020 e 2021, o que se refletiu na continuidade de projetos em 2022, por sua vez, turbinados pelo programa habitacional federal ‘Casa Verde e Amarela’.
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