Economia
Copom: juros podem voltar a subir, se inflação não ceder
Comitê mantém patamar de Selic, mas admite preocupação com ‘incerteza fiscal’
Caso persista a ‘elevada’ incerteza em torno do rumo das contas públicas e o recuo da inflação não aconteça como previsto, um novo ciclo de alta da taxa básica de juros (Selic) poderá ser retomado.
A advertência cristalina consta da ata, divulgada nessa terça-feira (7), pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central (BC), reforçando o alerta sobre o risco fiscal do país, tendo em vista gastos extras de R$ 168 bilhões, a serem diluídos em programas sociais nos próximos dois anos, com destaque para o Bolsa Família, todos fora do teto de gastos e do princípio da responsabilidade fiscal.
“A conjuntura, particularmente incerta no âmbito fiscal, requer serenidade na avaliação dos riscos. O Comitê acompanhará com especial atenção os desenvolvimentos futuros da política fiscal e, em particular, seus efeitos nos preços de ativos e expectativas de inflação, com potenciais impactos sobre a dinâmica da inflação prospectiva”, assinala a ata.
Apesar das perspectivas de mais ‘arrocho monetário’, a autoridade monetária decidiu, pela terceira vez seguida, manter a taxa básica de juros (Selic) no patamar atual – o mais elevado dos últimos seis anos – de 13,75% ao ano.
Em outro trecho do documento do BC, é dito que “o comitê se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação. O comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.
O momento é especialmente delicado no que toca a pressões inflacionárias, pois estas vêm, tanto do front externo – o que obrigou à uma ‘puxada’ de juros pelos BCs de vários países – assim como internamente, devido à ausência, nos discursos da equipe de transição, de alguma proposta do chamado ‘arcabouço fiscal’, que substituiria com maior eficiência a regra atual, do teto de gastos (despesas do Executivo acompanham a inflação).
Nesse contexto, o BC elevou, de 5,8% (na última reunião) para 6% a projeção do IPCA para este ano, o mesmo ocorrendo em relação a 2023, que subiu de 4,8% para 5%. O único recuo, modesto, coube à estimativa para 2024, que caiu dos 3% anteriores para 2,9%.
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