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Descarte de meta fiscal e volatilidade externa devem reduzir ritmo de cortes da Selic
Mercado admite que o nível de redução da taxa pode cair de 0,5 p.p. para 0,25 p.p.
O virtual ‘abandono’ do Planalto à meta fiscal de déficit zero, no ano que vem, associado ao ‘tom’ mais ‘austero’ do comunicado do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom/BC) – ao anunciar a redução, por decisão unânime, de meio ponto percentual (0,5 p.p.) da Selic – praticamente descarta qualquer possibilidade de aumento no ritmo de corte da taxa básica de juros, ao menos, nos próximos meses. Pelo contrário, este poderá até ser reduzido para 0,25 ponto percentual (0,25 p.p.), a partir de março próximo.
Essa é a avaliação mais recente é feita por analistas, ante o potencial de elevação do risco fiscal no plano doméstico, por um lado, e do agravamento do cenário externo, por conta dos conflitos geopolíticos no Oriente Médio, por outro, o que deve pressionar o Federal Reserve (bc ianque) a elevar os juros de longo prazo nos EUA.
Como reflexo de tais assertivas, o mercado financeiro, em menos de uma semana, passou a trabalhar com a perspectiva de que a Selic chegue ao final do ano que vem, não mais em 9% ao ano, mas em 9,25% ao ano, o que tem grande impacto econômico, sobretudo, nos financiamentos para investimentos das empresas.
A resultante dessa ‘desaceleração’ é que a taxa básica de juros poderá ser maior do que se esperava, inicialmente. Nesse contexto, vale destacar a mudança de tom do colegiado tupiniquim, ao trocar o termo ‘incerto’ pelo ‘adverso’, em referência ao front internacional.
Frente à decisão do Copom, o Itaú Unibanco reduziu, de 0,75 p.p. para 0,5 p.p., sua projeção de corte da Selic para dezembro próximo, além de elevar para 9,5% ao ano, a estimativa para a taxa básica no final do ano que vem, em decorrência, tanto da ‘instabilidade’ do cenário global, como também pelo maior grau de ‘incerteza’ doméstica.
Já o banco ianque Goldman Sachs decidiu manter a expectativa de recuo de 0,5 p.p. da taxa, para dezembro e janeiro próximos, mas admitiu o risco de que o ritmo de corte ‘desacelere’ para 0,25 p.p. nas reuniões que ocorrerão, a partir de março de 2024.
Na avaliação do economista do BTG Pactual, Álvaro Frasson, “nas entrelinhas, o BC está dizendo que não tem como levar a taxa Selic a 9% se o juro americano não se alterar, ou se alterar muito pouco no ano que vem”, admitiu, ao comentar o ‘tom’ do comunicado do Copom. “Se a taxa dos Fed Funds (os títulos americanos) não começar a cair no segundo trimestre, talvez o BC possa desacelerar o ciclo de cortes para 0,25 ponto a partir de março, sobretudo se de fato houver uma mudança na meta fiscal”, concluiu.
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