Economia
‘Em linha’ com o mercado, Copom corta Selic em meio ponto percentual
Com a decisão do colegiado, taxa básica de juros passou de 12,75% ao ano para 12,25% ao ano
Como esperado pelo mercado financeiro, em decisão unânime de seus membros, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom/BC) cortou em meio ponto percentual (0,5 p.p.) a taxa básica de juros (Selic), que passou de 12,75% ao ano para 12,25% ao ano. Com a redução, a Selic chega ao seu menor patamar, desde maio do ano passado, quando era de 11,75% ao ano.
Ao anunciar a redução, o comitê adiantou que pretende fazer novo corte, da mesma magnitude, na próxima reunião do colegiado, já marcada para os dias 12 e 13 de dezembro próximos. Caso isso se se confirme, a Selic poderá cair para 11,75% ao ano. “Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, assinala o comunicado do Copom.
Na mensagem encaminhada ao mercado, o Copom reiterou a importância de ‘perseguir’ as metas fiscais. “Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”.
O posicionamento firme do comitê em favor das metas de inflação como regra fiscal contrasta com a postura presidencial, de combate, desde a posse, contra tal critério, culminando com a declaração recente, de que “o país não precisaria de uma meta fiscal zero no próximo ano”.
Na oportunidade, o mandatário deixou claro: “eu não quero fazer corte de investimentos de obras. Se o Brasil tiver um déficit de 0,5%, o que que é? De 0,25%. O que é? Nada”, afirmou, na semana passada, o que só serviu para trazer mais volatilidade ao mercado e derrubar a bolsa brasileira.
A fala palaciana, na verdade, não esconde o desprezo do presidente em relação a princípios de disciplina orçamentária ou de equilíbrio fiscal, atropelando todo o esforço de sua equipe econômica com as metas estabelecidas no arcabouço fiscal, cujo projeto, ratificado pelo Congresso Nacional, se baseia no déficit zero, ou seja, o resultado não é, nem positivo, nem negativo. Tal diretriz, também incluída no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), e no projeto de Orçamento (PLOA) para 2024, ainda precisa ser confirmada pelos parlamentares no Congresso.
No que se refere ao cenário externo, o comunicado do Copom entende que este demanda ‘cautela’ na condução da política monetária brasileira – como também por parte de países emergentes – por conta de fatores, como a elevação das taxas de juros de longo prazo nos Estados Unidos, a resiliência inflacionária apresentada por países desenvolvidos, assim como tensões geopolíticas, na Ucrânia e em Israel. A despeito de todos os percalços internacionais, o colegiado admite que o Brasil exibe, no momento, ‘trajetória de desinflação’.
“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”, finalizou o comunicado.
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