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Entrevista com o CEO da Cteep: empresa mira ganhos com modernização de redes elétricas

Rui Chammas revelou ainda que a empresa engajou consultores para “monetizar” os terrenos dos quais é dona.

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A Cteep, transmissora de energia controlada pelo grupo colombiano Isa, pretende aproveitar a necessidade de modernização de redes elétricas no Brasil nos próximos anos para investir e expandir receitas, disse Rui Chammas, presidente da companhia.

Enquanto isso, a empresa engajou consultores para desenvolver uma nova linha de negócios, que tem como objetivo “monetizar” terrenos dos quais é dona, muitos deles parcialmente ocupados por instalações de energia como subestações, explicou Chammas, que assumiu o cargo em janeiro. As áreas podem ser usadas, em alguns casos, após intervenções como enterramentos de fios.

Juntamente com essas duas frentes, a Cteep continuará atenta a oportunidades de crescimento por meio de novos projetos de transmissão que sejam licitados pelo governo, incluindo em leilão programado para dezembro, e por meio de futuras aquisições.

Nessa perspectiva, um dos negócios no alvo é a venda pelo governo gaúcho de ativos de transmissão da elétrica local CEEE, relevou Chammas ao ser questionado sobre a operação.

A CEEE já anunciou que sua subsidiária CEEE-GT, unidade de geração e transmissão, enfentará uma cisão e separação dos ativos antes de ser colocada a leilão de privatização marcado para meados de 2021.

“A gente está acompanhando o processo de privatização da CEEE… o que posso dizer é que, caso se materialize um leilão dessa empresa ‘T’ (com os ativos de transmissão) nós vamos analisar, como analisamos todas oportunidades de crescimento no mercado de transmissão”, afirmou o executivo.

“É uma empresa que a gente respeita, é um Estado com potencial de crescimento importante. Analisaremos com certeza”, acrescentou.

Ele destacou ainda que ativos de transmissão da CEEE têm características em comum com parte da rede da Cteep, que já teve a renovação de seu contrato de concessão no final de 2012.

Imóveis

Uma diversificação que inclui a exploração do ativo imobiliário da empresa é um dos focos do CEO da companhia.

O plano é copiar o modelo inaugurado em maio, quando a elétrica divulgou um acordo com a prefeitura de São José dos Campos por terrenos na faixa de domínio de suas linhas na região. A transação movimentou 73,5 milhões de reais, a maior parte em créditos de IPTU no período até 2023.

“O valor venal dos imóveis que temos é muito alto, tem áreas nobres. Dois negócios liberaram mais de 70 milhões em resultado para a companhia, e negócios relativamente pequenos”, afirmou Chammas.

Segundo o executivo, o objetivo é “destravar valor” para acionistas.

“O que fizemos agora foi selecionar dez áreas importantes que somam mais de 1 milhão de metros quadrados entre São Paulo e Vale do Paraíba, e contratamos consultores que estão nos apoiando para entender o potencial dessas áreas”, acrescentou.

Chammas preferiu não falar sobre qual pode ser o ritmo de progresso dessas possíveis transações imobiliárias, atualmente responsabilidade da área de Novos Negócios da companhia.

“No momento adequado vou ter um time para cuidar disso, imagino. É um negocio completamente diferente”, disse ele.

Mas viabilização de negócios não é simples, ponderou o executivo, considerando que passa por questões como a procura por potenciais parceiros e até por adequações para liberação de áreas, como enterramento de linhas.

Reforços e melhorias

Mais do apostar em aquisições e novos projetos, a Cteep pretende expandir aportes em reforços e melhorias, alterações autorizadas sem licitação pela Aneel em ativos de transmissoras.

Até outubro deste ano, a empresa aportou 126 milhões de reais em obras como essas, avanço de 75% na comparação anual.

Mas há brecha para acelerar o movimento, até por conta da necessidade de troca de equipamentos antigos no sistema elétrico ou modernização de instalações, segundo o executivo.

“Hoje percebemos uma grande oportunidade de responder a isso, de acelerar o processo de modernização de nossas linhas. Do ano passado para cá tivemos um crescimento de 75% e a gente continua se estruturando para fazer mais”, disse Chammas.

A empresa espera atingir em breve uma “velocidade de cruzeiro” que a permitirá aplicar entre 400 milhões e 500 milhões de reais por ano nos reforços e melhorias, disse Chammas.

O executivo também falou que, em relação a novos projetos, a Cteep tem se preparado para disputar alguns dos lotes do próximo leilão da Aneel que concederá concessões para empreendimentos de transmissão de energia, marcado para em 17 de dezembro.

Apesar da pretensão de crescer, explicou Chammas, a Cteep não prevê alterações em sua política de dividendos, atualmente de distribuição mínima de 75% do lucro regulatório.

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