Ações, Units e ETF's
Estabilidade externa, PIB e crise hídrica pautam Ibovespa
Ameaça presidencial, de controle dos combustíveis, também tensiona mercado na quarta
Com relativa estabilidade, em período de grande volatilidade internacional, as bolsas da Ásia e Europa exibem resultados modestos, nessa quarta-feira (1º), enquanto que, nos Estados Unidos, a expectativa é pela divulgação dos dados de emprego no setor privado (ADP), com previsão de criação de 613 mil novos postos de trabalho em agosto.
Crise hídrica – No Brasil, além da divulgação do desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre (2T21), a atenção do investidor está voltada para a crise hídrica/energética do país, o que teria obrigado o governo a anunciar novo patamar para bandeira vermelha (R$ 14,20 por 100 kWh consumidos), já vigorando partir de hoje (1º), se estendendo até abril de 2022. Levando em conta o valor anterior (patamar 2) de R$ 9,49, a cobrança extra representa aumento de 49,63%, com impacto final de 6,78% na conta luz, estimou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), responsável pela regulação do setor.
Contas sobem – De acordo com o informe federal, não estão incluídas no custo da bandeira, revisões das tarifas das distribuidoras. Nesse sentido, o Ministério de Minas e Energia soltou nota em que projeta uma alta de até 8% nas contas de luz este ano, percentual que exerce pressão inflacionária. Enquanto persiste a estiagem, que compromete a produção hidrelétrica, o governo tem sido obrigado a importar energia, além de acionar termelétricas de maior custo, a fim de garantir o abastecimento. No paralelo, estão sendo adotados programas de incentivo à redução do consumo.
‘Esforço inadiável’ – Para marcar a gravidade do problema, o ministro de Minas e Energia, almirante de esquadra, Bento Albuquerque fez um apelo para que a população “faça um esforço inadiável” para reduzir o consumo de energia. Em seguida, aproveitou a oportunidade para apresentar a sobretaxa, taxada por ele mesmo de “escassez hídrica”, ou aumento adicional de 6,78% na tarifa média de ‘consumidores regulados’.
Avanço tímido – Sob a expectativa de um avanço ‘tímido’ de 0,2% do PIB no segundo trimestre do ano, em relação anterior (2T21/1T21), mas de 12,8% na base anual, devido ao tombo econômico da pandemia – segundo a consultoria Refinitiv – o mercado acompanha a participação do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, em audiência pública na Câmara dos Deputados, ao tempo em que será feita a leitura do relatório da reforma administrativa naquela Casa e divulgados dados sobre a indústria no mês passado. À tarde, o cardápio de indicadores muda para o fluxo cambial semanal e balança comercial.
Nova ameaça – Ao mesmo tempo, o mercado observa desdobramentos (ou a confirmação) das declarações presidenciais que, na véspera, ameaçavam com controle de preços dos combustíveis, devido à escalada inflacionária. Na prática, a iniciativa estapafúrdia só serviu para derrubar as ações da Petrobras, levando junto o Ibovespa.
‘Mercado engessado’ – Na contramão do que prega a liberdade de mercado, o presidente enviou ao Congresso projeto de lei que transforma em valor fixo o ICMS sobre combustíveis, cobrado pelos Estados. Na visão míope do mandatário, o ICMS é a principal causa da alta dos combustíveis, e não a desvalorização cambial (do real ante o dólar).
Rombo menor – No que toca ao projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), encaminhado ao Congresso nessa terça (31), o Ministério da Economia turbinou para R$$ 49,6 bilhões a meta de resultado primário do ano que vem, bem abaixo do rombo de R$ 170,5 bilhões, estabelecido, a princípio, pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022. A redução drástica se deve, sobretudo, à perspectiva de elevação das receitas líquidas no ano que vem, com previsão de acréscimo de R$ 146,3 bilhões sobre o projetado na LDO.
Bolsa sem acréscimo – Entre as medidas previstas no PLOA, destaque para os R$ 2 bilhões que serão empregados para a realização do censo demográfico, no ano que vem, enquanto mantém em R$ 34,7 bilhões o montante de recursos previstos para o Auxílio Brasil (ex-Bolsa Família) este ano, para atendimento de 14,7 milhões de famílias.
Solução Fux – Quanto aos precatórios, permanece à mesa a proposta de reservar um espaço de R$ 33,5 bilhões no orçamento, mediante o parcelamento do pagamento desses títulos (decorrentes de perdas judiciais da União), que somariam hoje aproximadamente R$ 89,1 bilhões. Enquanto isso, Supremo, Câmara e Senado discutem a proposta do presidente da Corte, Luiz Fux, que introduz a mediação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para que se encontre uma solução definitiva para a questão.
Dados ianques – Já na terra do Tio Sam, também é dia de divulgação do PMI (índice de compras) final da indústria ianque de agosto, assim como dos dados sobre o emprego privado (ADP) de agosto daquele país, quando devem ter sido criados 613 novos postos de trabalho (Refinitiv), sem contar as informações de de julho e a possibilidade de queda de 2,833 milhões de barris, do estoque de petróleo semanal estadunidense.
Asiáticas avançam – Na Ásia, as bolsas tiveram desempenho positivo distinto. Enquanto na China, o Shanghai composto avançava 0,65%; o índice Hang Seng de Hong Kong subia 0,45%; o Nikkei japonês registrava alta de 1,29% e o Kospi sul-coreano ficando em +0,24%.
Marcha lenta – Na mesma batida fraca, na Europa, o índice Stoxx 600 – formado pelas as ações de 600 empresas de todos os principais setores de 17 países europeus – engatava ‘marcha lenta’, operando no positivo de 0,8%, puxado pelo bom desempenho das ações do setor de varejo, em contraposição aos resultados negativos exibidos pelo setor de recursos básicos.
Sem apelação – Igualmente relevante para o mercado é a reunião do grupo Opep+ (que abrange os países-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), mais a Rússia)j que deverá sancionar novo aumento de 400 mil barris/dia (bpd) na produção, ao longo dos próximos meses. Essa decisão será mantida, a despeito dos apelos do governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para que a organização amplie a meta fixada, de modo que a maior oferta sirva de freio à escalada de preços de derivados, como a gasolina, colocando em risco a recuperação da economia mundial.
Principais indicadores
Estados Unidos
*Dow Jones Futuro (EUA), +0,27%
*S&P 500 Futuro (EUA), +0,3%
*Nasdaq Futuro (EUA), +0,18%
Europa
*FTSE 100 (Reino Unido), +0,63%
*Dax (Alemanha), +0,14%
*CAC 40 (França), +0,92%
*FTSE MIB (Itália), +0,57%
Ásia
*Nikkei (Japão), +1,29% (fechado)
*Shanghai SE (China), +0,65% (fechado)
*Hang Seng Index (Hong Kong), +0,58% (fechado)
*Kospi (Coreia do Sul), +0,24% (fechado)
Commodities e Bitcoin
*Petróleo WTI, -0,015%, a US$ 68,49 o barril
*Petróleo Brent, +0,04%, a US$ 71,66 o barril
*Bitcoin, +0,91%, a US$ 47.779,46
*Sobre o minério: **Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian registram queda de 7,78%, cotados a 765 iuanes, equivalente hoje a US$ 118,28 (nas últimas 24 horas).
USD/CNY = 6,46
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