Ações, Units e ETF's
Expectativa de ‘trava’ no aperto monetário ianque ‘derruba’ juros futuros
Enquanto ‘ponta curta’ taxa DI cai para 12,39%, na ‘ponta longa’, esta baixou para 10,16%
Como na pátria tupiniquim, os sinais de ‘desaceleração’ inflacionária nos EUA contribuíram para arrefecer o ímpeto dos juros futuros, na sessão desta quinta-feira (24), a despeito da preocupação do mercado ante a possibilidade de o Federal Reserve (Fed) – o bc estadunidense – manter elevados, por mais tempo, os juros ianques, por meio do esperado discurso que o presidente Jerome Powell, fará, na manhã dessa sexta-feira (25), por ocasião do simpósio anual de Jackson Hole, no estado de Wyoming.
Com a liquidez dos contratos de DI muito abaixo da média diária anual, os movimentos nos mercados de juros foram mais contidos, a despeito do viés de alta das taxas da T-note de dois anos (título do Tesouro dos EUA), que subiu de 4,950% para 5,014%; a do T-note de dez anos subiu de 4,194% para 4,241%; e a da T-bond de 30 anos passou de 4,270% para 4,306%. Para operadores de mercado, esse leilão foi recebido com surpresa, ante o ‘estresse’ recente das taxas globais.
Como reflexo, as taxas na ‘ponta curta’ recuaram, como a de janeiro de 2024, que desceu de 12,395%, do ajuste do dia anterior, para 12,39%; a do DI para janeiro de 2025 baixou de 10,43% para 10,405%; enquanto na ‘ponta longa’, a do DI para janeiro de 2026 caiu de 10,01% para 9,965% e a do DI para janeiro de 2027, que passou de 10,20% para 10,16%.
No front interno, o sócio e gestor da BlueLine Asset, Gustavo Brotto, classificou como ‘forte’ a demanda por prefixados no leilão promovido pelo Tesouro Nacional. “Acredito que o mercado está migrando um pouco as posições de juro real para nominal, trocando um pouco as NTN-Bs por pré, com expectativa de que a inflação pode arrefecer um pouco”, observou, ao acrescentar que “seguimos gostando de aplicar juro real na região de cinco anos aqui na BlueLine, mas também temos exposições menores aplicadas no juro nominal, para capturar essa melhora no cenário de inflação”.
Outro fator que pode influenciar nas ‘apostas’ por um corte mais acentuado dos juros pelo Banco Central (BC) diz respeito à expectativa de um recuo expressivo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor-15 (IPCA-15), a ser divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). “O mercado está operando uma inflação mais baixa para o IPCA fechado do mês. Amanhã vai ser uma divulgação importante para eventuais revisões de projeção de IPCA de curto prazo”, avalia Brotto.
Também no campo das expectativas, o Citi revisou para baixo (de 11,75% ao ano para 11,5% ao ano) sua projeção para a Selic (taxa básica de juros) no fim deste ano, caso o BC eleve, de 0,5 ponto percentual para 0,75 ponto percentual, o corte da taxa. “Em suma, embora tenhamos ajustado nossas projeções para incorporar o corte superior ao esperado da reunião de agosto, mantemos nossa visão de que o Copom acelerará o ciclo de corte para 0,75 p.p em dezembro, levando a taxa Selic para 11,50% ao ano ao fim de 2023 e para o nível de taxa de juro nominal neutro estimado de 9% ao ano, em junho de 2024″, assinalam economistas do banco Leonardo Porto, Paulo Lopes e Thais Ortega.
Como fatores que devem restringir a magnitude dos cortes de juros, os economistas do Citi destacam as expectativas de inflação e o hiato do produto. “O atual ciclo de corte está começando com uma lacuna muito grande, de 118 pontos-base, entre a expectativa de inflação para os próximos 12 meses e o ponto médio da meta do BC. Esta é a segunda maior lacuna em comparação com os seis ciclos de corte anteriores e sugere que este ciclo de corte é mais arriscado que os anteriores”.
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