Extensão de cortes de produção até o fim do ano ‘turbina’ cotação do petróleo

A extensão do corte de produção de 1,3 milhão de barris por dia (bpd) até o final deste ano, pelos maiores produtores mundiais Arábia Saudita e da Rússia, acirrou a preocupação de investidores com a potencial escassez do petróleo, sobretudo, durante o pico da de demanda do inverno (no hemisfério Norte), com reflexo imediato sobre as cotações futuros de petróleo, na sessão desta terça-feira (5).

Enquanto o petróleo tipo Brent (referência global) teve alta de 1,2% (+US$ 1,04) a US$ 90,04 o barril, superando a marca de US$ 90, pela primeira vez, desde 16 de novembro do ano passado, os futuros do tipo WTI (referência ianque) cresceu 1,3% (+US$ 1,14) a US$ 86,69 por barril, maior máxima em dez meses.

Segundo o sócio da Again Capital LLC, em Nova York, John Kilduff, “certamente o mercado foi pego de surpresa pela agressividade da postura deles [referindo-se à Arábia Saudita e Rússia]”, que anunciaram a revisão mensal dos cortes de fornecimento, sujeitos a alterações, a depender das condições de mercado.

Em uma nota a clientes, o analista do UBS, Giovanni Staunovo, explicou que “com a extensão dos cortes de produção, antecipamos um déficit de mercado de mais de 1,5 milhão de barris por dia no quarto trimestre de 2023”. A projeção da UBS é de que o petróleo Brent atinja US$ 95 por barril até o final de 2023.

Ao mesmo tempo, os contratos dos tipos Brent e WTI embutiram maiores prêmios, ante contratos anteriores, decorrente da estrutura, chamada de “backwardation“, que remete a um aperto no fornecimento para entregas imediatas.

No paralelo, o banco de investimentos ianque, Goldman Sachs considera como factível a probabilidade de 15% de uma recessão nos Estados Unidos começar nos próximos 12 meses, abaixo da estimativa do mercado, de 20%, movimento que induziu a demanda e os preços do petróleo. Desde o final de junho último, tanto os futuros do Brent, quanto do WTI acumularam elevação superior a 20%.