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Economia

FOMC inicia ciclo de cortes de juros e Copom mantém elevação da Selic

Bancos centrais mundo afora tomam decisões.

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O Comitê Federal de Mercado Aberto dos EUA (FOMC) deu início ontem ao ciclo de cortes na taxa básica de juros após um ano de estabilidade. A taxa foi reduzida em 0,50 ponto percentual, levando o intervalo alvo para 4,75% – 5,00%. A decisão, amplamente antecipada, ainda dividia as expectativas do mercado, que estava praticamente empatado entre um corte de 0,25 e 0,50 ponto percentual momentos antes do anúncio.

O comunicado do FOMC foi considerado protocolar, sem oferecer indicações claras sobre os próximos passos da política monetária. O texto reconheceu a queda da inflação, embora ainda considerada elevada, e um mercado de trabalho que, apesar de apresentar sinais de arrefecimento, continua apertado.

As novas projeções econômicas divulgadas pelo FOMC apontam para mais cortes de juros ainda este ano, com a taxa alcançando entre 4,25% e 4,5% até dezembro. Para Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, o corte de 0,50 ponto percentual sinaliza que as preocupações com o mercado de trabalho pesaram mais na decisão do que os riscos inflacionários. “Apesar da reação positiva dos mercados, a digestão dessa decisão deve gerar volatilidade nos próximos dias”, comenta Igliori.

Copom

No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) também tomou sua decisão na reunião de setembro de 2024, elevando a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano, em linha com as expectativas do mercado. A decisão foi unânime e destacou um cenário de incertezas internacionais, como as mudanças nos ciclos econômicos globais e políticas monetárias de países relevantes. No cenário doméstico, o Copom alertou sobre a piora no balanço de riscos, incluindo pressões no mercado de trabalho e resistência à queda da inflação no setor de serviços.

Além disso, o comunicado do Copom enfatizou o impacto do cenário fiscal sobre a formação de preços de ativos e nas expectativas dos agentes econômicos. Contudo, o colegiado manteve sua postura cautelosa ao não fornecer pistas sobre os próximos passos da política monetária, afirmando que as decisões futuras dependerão da análise de um conjunto amplo de dados.

Para Igliori, apesar da ausência de surpresas, o consenso no aumento da Selic e o tom do comunicado reforçam o compromisso do Banco Central em trazer a inflação de volta à meta. “A decisão deve ajudar no processo de recuperação da credibilidade do colegiado”, afirma.

Selic

A elevação da Selic ocorre em um cenário de alta do dólar e persistência inflacionária. A última vez que a Selic havia subido foi em agosto de 2022, quando a taxa chegou a 13,75% ao ano. Após um período de cortes, o Copom decidiu manter a taxa estável até a reunião de setembro, quando as incertezas externas e internas pressionaram o Banco Central a adotar uma postura mais rígida.

A Selic é o principal instrumento para controlar a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em agosto, o IPCA apresentou leve deflação, mas as previsões indicam que o índice deve subir devido à alta das tarifas de energia e o impacto da seca prolongada sobre os preços dos alimentos. As projeções de inflação para 2024 estão mais pessimistas, com o boletim Focus indicando uma taxa de 4,35%, próximo ao teto da meta.

O aumento da Selic encarece o crédito e desestimula o consumo, o que ajuda a conter a inflação, mas também pode impactar o crescimento econômico. O Banco Central revisou para cima sua projeção de crescimento do PIB, de 2,3% para 2,96%, segundo o boletim Focus.

Enquanto os EUA dão início a uma política de flexibilização monetária, o Brasil segue ajustando suas taxas de juros para enfrentar as pressões inflacionárias e as incertezas econômicas globais. Ambos os movimentos refletem a busca por um equilíbrio entre o controle da inflação e o suporte ao crescimento econômico.

 

Redatora. Formada em Técnico Contábil e Graduada em Gestão Financeira. Contato: simonillalves@gmail.com.

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