Economia
Guerra no leste europeu provocaria desabastecimento de alimentos, diz Genial
Conflito Rússia-Ucrânia no radar do mercado; ativos arriscados sofrem mais
A iminente guerra no leste europeu provocaria desabastecimento de alimentos, segundo a Genial Investimentos.
Isso porque a Rússia tem mais de 100 mil soldados na fronteira e aparenta estar pronta para uma invasão a qualquer momento.
Enquanto isso, a Ucrânia conta com menos de 20 mil soldados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), boa parte deles norte-americanos, apoiando o exército do país.
“O aumento da incerteza global e da aversão ao risco têm impactos diretos em ativos mais arriscados, provocando um movimento de flight to safety em que se configura uma fuga de ativos de risco – bolsas e moedas emergentes – para ativos mais seguros, sobretudo, títulos de países desenvolvidos”, destacou a corretora em relatório ao mercado.
O documento, assinado pelo economista-chefe José Marcio Camargo, bem com o pelo coordenador econômico Yihao Lin, elenca que esse movimento provoca uma elevação da volatilidade dos mercados e do câmbio, além de impactar as cadeias globais de produção/suprimentos, visto que essas economias são importantes players na exportação de commodities agrícolas e energéticas.
“Esse fato torna mais preocupante o fenômeno de elevada inflação global, impondo mais desafios nas decisões de política monetária dos principais bancos centrais, em particular, o Banco Central americano (Fed)”, frisou.
Genial: Rússia-Ucrânia
Ainda de acordo com a Genial, a Ucrânia e a Rússia são o quarto e o quinto maiores exportadores de milho do mundo, respectivamente. Portanto, diante das tensões observadas nos últimos dias que, segundo estimativas, podem reduzir em 18,6% a exportação global de milho em caso de conflito, o preço desse produto tem apresentado forte tendência de alta.
“O primeiro grande impacto seria o risco de desabastecimento de alimentos no mundo, gerando crises humanitárias em meio a um ciclo de recuperação global. Além disso, acreditamos que a aceleração do preço do milho impacta o processo de arrefecimento da inflação brasileira, sendo um obstáculo para a desaceleração da inflação de alimentos e dificultando o trabalho do Banco Central”, destacou.
E disse mais: “já na ponta positiva, como o Brasil é um importante exportador de milho, acreditamos que o eventual conflito e a consequente aceleração de preços podem beneficiar as empresas do setor agroexportador de grãos.”
Gás e petróleo
Segundo a corretora, caso a agressão ocorra, haveria impacto no preço do gás e do petróleo, visto que a Rússia é um importante produtor de ambas as commodities e, por isso, responsável pelo abastecimento de aproximadamente 1/3 do gás natural consumido na Europa.
Nesse contexto, o conflito e as possíveis sanções econômicas impostas pelos países podem agravar a crise energética global, inclusive acarretando déficits energéticos no velho continente. Assim, as possíveis restrições ao consumo de energia impõem piores perspectivas de crescimento global que, juntamente com a persistente e generalizada alta inflacionária, impactam negativamente na atividade.
“Um processo mais duro de ajuste de política monetária para controlar as expectativas de inflação nos países desenvolvidos – muito impactados pela alta nos preços de commodities energéticas – afetaria as economias emergentes, diante de uma menor liquidez global. Assim, o fluxo de capitais sairia de países emergentes, assim como o Brasil, em direção às principais economias, sobretudo, os EUA, promovendo uma pressão de desvalorização cambial”, ressaltou.
E xomplementou: “soma-se a isso, o impacto sobre os preços dos combustíveis em um cenário de inflação elevada que aumenta o risco de desancoragem das expectativas em horizontes mais longos de política monetária. Isso dificultaria o trabalho do Banco Central brasileiro no que diz respeito à convergência da inflação para a meta, fazendo necessário um ciclo de alta mais restritivo para combater o movimento de preços.”
Impacto significativo
Por fim, a corretora elencou que um conflito armado entre as duas nações teria significativo impacto nos mercados. O aumento da incerteza global teria impacto direto nos preços dos ativos brasileiros e causaria uma imediata pressão de desvalorização cambial. Em termos macroeconômicos, o risco de uma menor oferta de commodities energéticas e agrícolas aumenta a pressão sobre preços, elevando os riscos de desancoragem das expectativas de inflação e uma política monetária mais contracionista.
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