IBGE: Governo diz que Orçamento não prevê recursos para o Censo 2021

A suspensão do Censo Demográfico, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), será capaz de deixar os municípios brasileiros “no escuro”, segundo especialistas. O Censo é uma pesquisa realizada a cada 10 anos pelo IBGE. O levantamento faz uma vasta coleta de dados sobre a população brasileira e permite traçar um perfil socioeconômico do país.

“É por meio dos dados do Censo que se distribuem os recursos para educação, saúde, assistência e todas políticas públicas. Para quem quer acabar com essas políticas, não realizar o Censo é o passo primeiro”, diz André Lázaro, diretor de Políticas Públicas da Fundação Santillana.

Vale ressaltar que o Censo foi suspenso porque o orçamento de 2021, sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro na quinta, 22, de abril, não prevê a inclusão de recursos para a realização da pesquisa. A coleta de dados já havia sido adiada de 2020 para 2021 e uma nova data para a realização ainda não foi referida. A divulgação dos dados estava prevista para 2022.

O caráter “censitário” da pesquisa  quer dizer que uma parcela considerável da população seria ouvida, diferente das pesquisas por base amostral, com uma parcela da população.

• Nos dados sobre educação, o Censo mapearia o analfabetismo, indicando quantas pessoas não sabem ler em cada bairro, por exemplo.
• Também captaria informação sobre a escolaridade, cruzando dados com a idade da população, indicando quantos adultos em cada cidade não concluíram os estudos.
• Além disso, poderia apontar o número de crianças fora da escola, indicando a demanda de vagas por creches.

“O Censo investiga, entre outros temas, a escolaridade das pessoas, em nível de municípios, e o analfabetismo, em nível de bairros. A partir do Censo, também conseguimos traçar o perfil etário de municípios e bairros do país, o que ajuda no mapeamento da demanda por escolas”, disse o IBGE.

“Além disso, há uma série de cruzamentos entre os dados educacionais e a cor, o sexo, a ocupação e as faixas de renda da população”, explicou o instituto.

• Sem o detalhamento, o país fica sem saber onde estão os 69,5 milhões de adultos acima de 25 anos que não completaram a educação básica em 2019. O número representa 51,2% da população adulta.
• Também não é possível investigar onde estão os 11 milhões de brasileiros acima de 15 anos que não sabem ler e escrever. Os números são de outra pesquisa do IBGE, a Pnad Educação, feita anualmente. A mais recente foi divulgada em julho de 2020, com dados de 2019.

De acordo com instituto, “o Censo consegue apurar esse dado em níveis geográficos muito mais detalhados: o analfabetismo é apurado em nível de bairros e a escolaridade, em nível de municípios, o que é muito importante para as secretarias estaduais e municipais de Educação”, diz o IBGE.

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