Economia
Inflação dispara a 0,83% em maio, a maior para o mês em 25 anos
Taxa de 0,83% foi a maior para um mês de maio desde 1996.
A inflação acelerou e ficou em 0,83% em maio, 0,52 ponto percentual acima da taxa de 0,31% registrada em abril. Os dados sobre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira, 9.
“Foi o maior resultado para um mês de maio desde 1996 (1,22%). O acumulado no ano foi de 3,22%, e o dos últimos 12 meses, de 8,06%, acima dos 6,76% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores”, informou o Instituto.
O avanço coloca a inflação acumulada em 12 meses em um patamar bem acima do teto da meta do governo para a inflação no ano. A meta central é de 3,75% (variando entre 2,25% e 5,25%). O resultado também ficou acima do esperado pelo mercado. A mediana das estimativas de 35 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data era de avanço de 0,70% em maio.
Energia elétrica puxou o avanço da inflação
A disparada se justifica principalmente pelo aumento da energia elétrica, em razão do acionamento da bandeira vermelha, e da alta nos preços de combustíveis. Responsável pelo maior impacto individual do mês (5,37%), sozinha, respondeu por 0,23 ponto percentual do IPCA.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acionou a bandeira tarifária vermelha patamar 1 no mês de maio. Ela acrescenta R$ 4,169 na conta de luz a cada 100 quilowatts-hora consumidos e, além disso, no final de abril, ocorreram reajustes em diversas regiões do país.
Outros itens que pesaram no bolso do brasileiro foram o etanol (12,92%), óleo diesel (4,61%), gás encanado (4,58%), gasolina (2,87%), tv, som e informática (2,16%) e gás de botijão (1,24%).
Analistas afirmam que os preços administrados devem continuar pesando no bolso do consumidor nos próximos meses. Por conta da crise hídrica, que tem levado à baixa no nível do reservatórios de hidrelétricas, a Aneel acionou o segundo nível da bandeira vermelha. O patamar 2 entra em vigor em junho, com cobrança adicional de R$ 6,243 para cada 100 quilowatts-hora consumidos.
Pressão pelo aumento da Selic
Segundo pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central na última segunda-feira, 7, economistas das instituições financeiras aumentaram para 5,44% a estimativa de inflação em 2021. Essa foi a nona semana seguida de alta na expectativa.
Contudo, setores mais pessimitas esperam uma taxa próxima de 6%, isso por conta da alta nos preços das commodities e de preços administrados como energia elétrica.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o BC aumenta ou diminui a taxa básica de juros da economia (Selic), que está em 3,50% ao ano. A previsão do mercado é que até o fim de 2021 a taxa chegue a 5,75% ao ano, ou seja, a expectativa é de novas altas dos juros.
Novo aumento pode ser anunciado na próxima quarta-feira, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciará a sua decisão de política monetária.
Para 2022, o mercado financeiro estima uma inflação de 3,70%. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,50% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%.
Em 2020, o IPCA ficou na casa dos 4,52%, pressionado pelos preços dos alimentos. O valor ficou acima da meta central para o ano, que era de 4%, mas dentro do intervalo de tolerância. Foi a maior inflação anual desde 2016.
Resultados dos grupos pesquisados
Ainda de acordo com o IBGE, os nove grupos de produtos e serviços pesquisados apresentaram alta em maio.
- Habitação: 1,78%
- Artigos de residência: 1,25%
- Transportes: 1,15%
- Vestuário: 0,92%
- Saúde e cuidados pessoais: 0,76%
- Alimentação e bebidas: 0,44%
- Comunicação: 0,21%
- Despesas pessoais: 0,21%
- Educação: 0,06%
Habitação e transportes registraram as maiores variações.
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