Economia
IPCA-15 ‘bom’ e recuo dos Treasuries põem juros futuros no negativo
Taxa DI para janeiro de 2025 caiu para 10,805%; para janeiro de 2029 foi a 11,170%
A recepção positiva do mercado com os números do IPCA-15 (prévia da inflação oficial, que subiu 0,21% em outubro), no nível interno, associada, no exterior, à queda das taxas de rendimento dos Treasuries (papéis do Tesouro dos EUA, com o T-note de dois anos descendo a 5,045%) – em compasso com o avanço moderado dos preços na ‘Terra do Tio Sam’ – resultou em recuo dos juros futuros, ao longo de toda a curva, na sessão desta quinta-feira (26).
Na ‘ponta curta’, a taxa DI (Depósito Interbancário) para janeiro de 2025 caiu de 10,923%, no ajuste anterior, para 10,805%; a taxa para janeiro de 2027 desceu de 10,997% para 10,755%; enquanto na ‘ponta longa’, a taxa para janeiro de 2029 ‘despencou’ de 11,438% para 11,170%.
Os fatores descritos, de maior influência nas taxas futuras, acabaram deixando em segundo plano, até mesmo, a notícia que dá conta da decisão do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária) de elevar o ICMS incidente sobre combustíveis, a partir de fevereiro do ano que vem.
No front externo, o governo estadunidense divulgou dados que apontam que a economia ianque registrou alta de 4,9% no terceiro trimestre (3T23), no comparativo mensal, ao passo que o núcleo da inflação local – medida pelo índice de gastos com consumo (PCE) – exibiu ‘desaceleração’ de 3,7% para 2,4% na mesma base de comparação.
No entendimento do head de renda variável e sócio da A7 Capital, Andre Fernandes, “o IPCA-15 mostrou que tem espaço para o Banco Central cortar juros em ritmo mais forte. O problema é que não pode acelerar justamente porque nos Estados Unidos a gente não sabe se o Fed vai precisar aumentar a taxa de juros”.
Para o especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, Ricardo Joge, o foco dos investidores se concentra, sobretudo, em eventos que tenham impacto no curtíssimo prazo.
Já o analista da área de mercado de capitais e sócio da Matriz Capital, Elcio Cardozo, a cautela proporcionada pelo noticiário doméstico pode ter efeito reduzido ante o forte declínio das taxas DI nesta quinta (26).
“Se a gente pegar a curva curta, de 2024, está 0,08 negativa. Não está acompanhando essa queda muito grande, está vendo queda maior para juros mais longos. Talvez o mercado entenda que todas estas notícias façam um impacto na curva curta, mas na curva longa, não”, completou Cardozo.
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