Economia
Juros altos descartam casa própria, mas inflam preços dos aluguéis
Elevação média de 17,05% das locações é dez vezes superior à variação do IGP-M, a ‘inflação do aluguel’
Paradoxal ou não, a manutenção da Selic (taxa básica de juros) no altíssimo patamar de 13,75% ao ano há quase sete meses – a pretexto de combater a inflação – na prática, está realimentando uma ciranda de aumentos em diversos setores econômicos. Que o digam aqueles que desejam obter uma locação, cujos valores foram inflados, por tabela, em decorrência do encarecimento das taxas dos financiamentos imobiliários, que tornaram a casa própria ‘um sonho mais que impossível’ .
Em consequência, a demanda crescente por locações fez com que seu valor saltasse 17,05%, nos 12 meses contados até fevereiro, em média, em 25 cidades brasileiras pesquisadas, conforme atesta pesquisa referente ao índice FipeZap+, ao apontar que a elevação percentual é a maior em 11 anos, só perdendo para dezembro de 2011, quando a variação chegou a 17,30%.
Em outro comparativo, o aumento citado corresponde a quase dez vezes a alta acumulada, no mesmo período, pelo IGP-M (indicador também conhecido como ‘inflação do aluguel’), que avançou 1,86%, no mesmo período de 12 meses até fevereiro.
Para o economista e coordenador da pesquisa, Alison Oliveira, “com a taxa de juros elevada, quem não consegue comprar um imóvel aluga”, ao acrescentar que o enfraquecimento da compra e da venda de imóveis trouxe reflexos nos preços de aquisição. Ele estima que, somente nos 12 meses até fevereiro, o metro quadrado subiu, em média, 5,79% em 50 cidades pesquisadas, acompanhando a inflação acumulada nesse período.
O aperto monetário produzido pelo BC – que serve para manter a atual taxa Selic no alto patamar atual – é o principal fator indicado pelo economista da LCA Consultores, Fabio Romão, para a virtual paralisação da venda de imóveis, em favor das locações, mesmo que mais caras.
O estudo do indicador imobiliário destaca outro fator de elevação dos aluguéis, mediante à volta do trabalho presencial, em decorrência da estabilização do ciclo pandêmico, o que ativou a demanda por locação de casas e apartamentos, além de alimentar a alta de preços no setor.
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