Lockdown chinês, prévia do PIB, IR estático e Precatório fecham semana do Ibovespa

Diante de um cenário externo, até o momento, estável – exceto pelo lockdown logístico aplicado pelo governo a portos chineses, por conta da variante delta da Covid-19, que impacta as cadeias logísticas globais – o mercado de capitais brasileiro fecha a semana em compasso de espera pela divulgação de números, como o índice IBC-BR de junho sobre maio (espécie de prévia do PIB (Produto Interno Bruto), que deve subir 0,4%, na projeção do consenso Refinitiv, além da publicação de novos balanços, por empresas cotadas em bolsa.

Cadê o consenso? – Na agenda política, enquanto que na Câmara dos Deputados persiste a falta de consenso para votação para votar a reforma do Imposto de Renda (IR), o Ministério da Economia soltou nota, nessa quinta (12), para informar que o fundo a ser criado, por meio de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios “não ficará fora do Orçamento”, ou seja, vai afetar o resultado primário da União.

Fora do teto – Além disso, a pasta admitiu que o pagamento antecipado de precatórios com recursos do fundo deverá “ficar fora da regra do teto de gastos”, considerada a única ‘âncora fiscal’ do país por analistas. Em seu arrazoado, o ministério avalia que “dado que as principais receitas que compõem o fundo têm natureza extraordinária, a quitação antecipada desse passivo é incerta quanto ao momento e à magnitude, de modo que sua inclusão no teto dos gastos acabaria por afetar negativamente a execução de outras despesas, que teriam que sofrer fortes ajustes intempestivamente”.

Precatório voraz – Na avaliação do mercado, pagamentos de precatórios determinados pela Justiça, após derrotas sucessivas sofridas pelo governo, na prática, têm abocanhado recursos federais, sob a regra do teto, que serviriam para outros gastos públicos. A previsão do Executivo é de que a venda de ativos do governo, previsto na PEC dos Precatórios, servirá somente para quitação parcial da dívida pública e de precatórios já parcelados.

Energia elétrica pressiona –A despeito do pouco caso presidencial com relação à inflação acumulada em 12 meses, de quase 9% – apenas um número grande, segundo o mandatário de plantão – o fato é que esta atingiu o nível mais alto para o mês em 20 anos, já como reflexo da intensa pressão dos preços da energia elétrica.

Banalizando a carestia pátria, o titular do Planalto procurou amenizar o fato, alegando que “inflação é no mundo todo”, além de eleger a “adoção isolamento social, como instrumento de prevenção à disseminação da Covid-19 por Estados e municípios” como o vilão preferencial da hora para a escalada inflacionária.

Sobre o auxílio emergencial, o presidente explicou que o governo federal pretende concluir em outubro próximo o pagamento do benefício, decorrente pandemia, iniciando, em seguida, o pagamento do programa social, Auxílio Brasil, a partir de novembro em substituição ao Bolsa Família. Lançado com valor mensal de R$ 600, no ano passado, o auxílio emergencial possui hoje valor médio de R$ 230.

VBP avança – Na economia real, a boa notícia é a previsão de o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) do Brasil atingir, este ano, R$ 1,109 trilhão em 2021, o que representaria alta de 9,8% em relação {a projeção anterior, de R$ 1,099 trilhão.

Na questão sanitária, outra informação relevante é a queda de 13% na média móvel de mortes por Covid em sete dias no país, que ficou em 884, contra as 975 verificadas, 14 dias antes, segundo informações do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias de Saúde no Brasil.

Agora investigado – Já na CPI da Covid, o presidente da comissão, deputado Omar Aziz (PSD-AM) suspendeu a sessão após fala do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), suspeito de envolvimento na pressão para que o Ministério da Saúde assinasse o contrato para compra da vacina indiana Covaxin, produzida pela Bharat Biotech. Ao final da sessão, Aziz teria assegurado que que Barros voltará a ser ouvido, mas dessa vez como investigado e não mais como testemunha.

Novo inquérito – Ainda na pauta política, destaque para a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que determinou abertura de novo inquérito contra o presidente Jair Bolsonaro, por supostamente vazar a íntegra da investigação sigilosa da Polícia Federal sobre o ataque hacker sofrido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2018. O fato ocorreu meses antes das eleições daquele ano.

Tio Sam tranquilo – Nos Estados Unidos, os mercados operam com tranquilidade, após a divulgação de dados favoráveis de emprego e inflação naquele país. Enquanto os pedidos de seguro-desemprego chegaram a 375 mil, na semana passada – em convergência com as estimativas do mercado e em processo de desaceleração – o índice de preços ao produtor (PPI na sigla em inglês) – que desconsidera alimentação, serviços e energia – aumentou 0,9% em julho, pouco acima do que previa o mercado – 0,5%. Na Ásia, a maior parte das bolsas fecharam em quedas, com destaque negativo para bolsas da Coreia do Sul, que caíram 1,16%, e para as de Taiwan, que recuaram 1,38%.

Veja os principais indicadores às 7h30 (horário de Brasília):

Estados Unidos
*Dow Jones Futuro (EUA), +0,14%
*S&P 500 Futuro (EUA), +0,07%
*Nasdaq Futuro (EUA), +0,04%

Europa
*FTSE 100 (Reino Unido), +0,39%
*Dax (Alemanha), +0,45%
*CAC 40 (França), +0,34%
*FTSE MIB (Itália), +0,36%

Ásia
*Nikkei (Japão), -0,14%
*Shanghai SE (China), -0,24% (fechado)
*Hang Seng Index (Hong Kong), -0,48% (fechado)
*Kospi (Coreia do Sul), -1,16% (fechado)

Commodities e bitcoin
*Petróleo WTI, -0,391%, a US$ 68,82 o barril
*Petróleo Brent, -0,28%, a US$ 71,11 o barril
*Bitcoin, +2,34%, a US$ 46.478,87
Sobre o minério: **Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian com queda de 0,94%, cotados a 841,5 iuanes, equivalente hoje a US$ 129,84 (nas últimas 24 horas).
USD/CNY = 6,48