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Lula critica Eletrobras e Vale; confira

Chefe do Executivo esteve no RJ.

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Durante a cerimônia de posse de Magda Chambriard na presidência da Petrobras, realizada ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou as privatizações de grandes empresas brasileiras, citando diretamente a Eletrobras (ELET3; ELET6) e a Vale (VALE3). Segundo Lula, essas empresas poderiam estar atuando ao lado da Petrobras como motores da economia brasileira.

A Eletrobras foi privatizada em 2022 durante o governo de Jair Bolsonaro, com a emissão de novas ações que reduziram a participação da União para menos de 50%. A Vale foi privatizada em 1997, sob o governo de Fernando Henrique Cardoso, com a venda de ações para um grupo de empresas privadas e fundos de pensão.

“A gente poderia estar melhor. A gente poderia ter aqui do nosso lado a Eletrobras, que era a maior empresa de energia do nosso país. A gente poderia ter do nosso lado a Vale, que foi privatizada e rifada para diferentes fundos. E não tem um dono para você conversar”, disse Lula.

Ele criticou o comportamento da mineradora nos processos de reparação das tragédias em Minas Gerais. Em 2015, uma barragem da Samarco, joint-venture da Vale e da BHP Billiton, se rompeu em Mariana, causando 19 mortes e danos em municípios ao longo da bacia do Rio Doce. Em 2019, Brumadinho sofreu o maior acidente trabalhista do país com a ruptura de uma barragem da Vale, resultando na morte de 272 pessoas, principalmente empregados da mineradora e de empresas terceirizadas.

Eletrobras e Vale

Lula abordou o tema em meio às negociações para repactuar o acordo de reparação da tragédia de 2015. O modelo atual, que inclui a criação da Fundação Renova para gerir as medidas reparatórias, é amplamente considerado mal sucedido pelo governo federal, governos estaduais de Minas Gerais e Espírito Santo, Ministério Público e entidades representando os atingidos. Após mais de oito anos, existem mais de 85 mil processos relacionados à tragédia tramitando no Judiciário brasileiro.

As negociações para um novo acordo de reparação estão em andamento há mais de dois anos, mas têm encontrado dificuldades devido aos valores oferecidos pelas mineradoras, considerados insuficientes. A última proposta das mineradoras, atualmente em análise, envolve a transferência de R$ 82 bilhões aos governos ao longo de 20 anos, além de outras medidas financiadas diretamente pelas empresas. Entretanto, a União e os estados de Minas Gerais e Espírito Santo pediram R$ 109 bilhões em pagamentos ao longo de 12 anos.

“Quando eu digo que não há dono para conversar é porque, desde os desastres das barragens de Mariana e de Brumadinho, não foi paga a indenização daquele povo. Eles estão esperando casas e o ressarcimento do estrago. Uma empresa boa e grande precisa ter alguém responsável para que as coisas possam funcionar corretamente. Minha mãe dizia que cachorro com muito dono morre de fome porque todo mundo pensa que o outro deu comida e no final ninguém dá comida pra ele. Então uma empresa onde ninguém manda, muitas vezes, não cumpre aquele papel social que é importante cumprir”, disse Lula.

Mineradora

Procurada, a Vale informou que não comentará as declarações do presidente. Dados da mineradora indicam que R$ 37 bilhões foram destinados a ações de reparação e compensação pela tragédia de Mariana, com R$ 14,29 bilhões para indenizações e R$ 2,82 bilhões para auxílios financeiros emergenciais. Desde 2019, 16.394 atingidos pela tragédia de Brumadinho firmaram acordos de indenização, totalizando R$ 3,7 bilhões em pagamentos.

(Com Agência Brasil).

Redatora. Formada em Técnico Contábil e Graduada em Gestão Financeira. Contato: simonillalves@gmail.com.

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