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Economia

Mesmo na era digital, tradição do fiado ainda existe no Brasil

Prática não só existe como movimenta milhões em pequenos estabelecimentos do país.

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Na era dos pagamentos instantâneos e digitais, como o Pix e cartões de crédito e de débito, a prática do fiado ainda encontra adeptos. Frequentadores habituais preferem pendurar a conta, reforçando laços com o estabelecimento.

Levantamento da Web Automação revela que mais de 400 negócios no Brasil adotaram o fiado em 2022, movimentando R$ 4,3 milhões.

Para João Alberto Fontes, sócio do Bar Maravilha, comércio carioca que aceita o pagamento tardio, essa estratégia fideliza e atrai novos clientes, mesmo quando alternativas tecnológicas se destacam.

Embora o fiado se restrinja a pequenos comerciantes, como bares e restaurantes, ele não se limita a um único estado.

São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais lideram na prática, abrangendo uma variedade de empreendimentos que valorizam o relacionamento com seus clientes.

Mesmo após a criação do Pix e com outras tecnologias de pagamento, o fiado movimenta milhões de reais pelo Brasil – Imagem: reprodução

Fiado em tempos de inovação

A tecnologia se integrou a essa prática tradicional. Atualmente, comerciantes como Gabriel Alves, proprietário de uma barbearia em Niterói, registram fiados em celulares.

No Bar Maravilha, um sistema da Web Automação auxilia na administração dessas contas, oferecendo controle e segurança.

Apesar das inovações, a caderneta ainda resiste. Paulo Salles, dono de um bar com mais de 40 anos em São Gonçalo, mantém registros manuais de vendas a crédito. Para ele, o método antigo garante controle e proximidade com seus clientes fiéis.

Riscos do crédito informal

Especialistas em finanças alertam para os perigos inerentes ao fiado. Cintia Senna, sócia executiva da DSOP Educação Financeira, destaca o impacto potencial na gestão orçamentária do comerciante, pois, sem receber imediatamente, o lojista pode enfrentar desafios financeiros.

Marco Quintarelli, consultor de varejo da Azo Negócios, prevê que o fiado pode perder espaço. Em tempos de incerteza econômica, a prática é arriscada tanto para quem compra quanto para quem vende, oferecendo um status de crédito informal perigoso.

Para Reinaldo Domingos, da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira, mesmo clientes antigos podem enfrentar descontrole financeiro, impactando a sustentabilidade do negócio.

No entanto, a prática sobrevive há décadas, como demonstra Salles, experiente dono de bar em São Gonçalo. Apesar dos calotes, o fiado continua a ser uma alternativa viável para muitos, garantindo que a tradição persista em meio à modernidade digital.

*Com informações da revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios.

Olá, sou John Monteiro, guitarrista e jornalista. Nascido no ano da última Constituição escrita, criado na periferia da capital paulista. Fã de história e política, astronomia, literatura e filosofia. Curto muita música, no conforto da minha preguiça, frequento mais palavras que livrarias.

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