Economia
Meta fiscal ‘por um fio’ manda juros futuros ‘para o espaço’
Fala de ministro da Fazenda, que beira à irritação, ‘ameaça’ déficit primário zero em 2024
A falta de ‘contundência’ na defesa do déficit primário zero para 2024, por parte do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, potencializou a aversão ao risco de uma iminente mudança na meta fiscal, o que ‘mandou para o espaço’ os juros futuros, que exibiram forte alta na sessão desta segunda-feira (30).
A ‘desidratada’ fala ministerial ocorre na sequência da declaração do mandatário Lula da Silva, na última sexta-feira (27), de que ‘dificilmente’ a meta zero seria alcançada pelo seu governo, no ano que vem, ao justificar sua ‘previsão’ pela necessidade de ‘investir’ no atendimento de programas sociais já carimbados pelo Planalto.
Em contraponto, a indicação governamental dos economistas Paulo Pichetti para assumir a diretoria de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos; e de Rodrigo Teixeira, para a diretoria de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta, foi bem recebida pelo mercado.
Na ‘ponta curta’, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 saltou de 10,977%, no ajuste de sexta-feira, para 11,155%; a do DI para janeiro de 2026 subiu de 10,79% para 11,05%; a do DI para janeiro de 2027 cresceu de 10,94% para 11,22%, e na ‘ponta longa’, a do DI para janeiro de 2029 passou de 11,35% para 11,60%.
‘Remando’ contra os fatos, o ‘incansável’ Haddad revelou ter apresentado ao chefe ‘várias alternativas’ com objetivo de obter o equilíbrio fiscal que, se apoiadas pelo presidente, deverão ser apresentadas ao Congresso, incluindo a antecipação de medidas até então previstas para 2024. “Minha meta está mantida para buscar equilíbrio fiscal de todas as formas justas e necessárias”, proclamou, resoluto, o comandante das finanças nacionais.
No saldo real da ‘treta da hora’ entre ministro e seu presidente, a percepção do mercado é de isolamento de Haddad dentro do governo, que não conseguiu esconder sua irritação, diante da imprensa. “Estava nitidamente desconfortável, adotando tom mais ríspido em suas respostas aos jornalistas, algo que destoa do modo cortês do ministro da Fazenda”, destaca Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, para quem “algo mais profundo está velado nesse quebra-cabeça, visto que há uma clara mudança de ‘modus operandi’ do Executivo junto ao Legislativo”.
Depois de oscilar próximas da estabilidade, pela manhã, as taxas começaram a avançar à tarde, em compasso com a precificação das apostas para o ciclo de cortes da Selic, que deverá ser reduzida em 50 pontos-base (meio ponto percentual) na próxima quarta-feira (1º).
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