Mudança no IR e vácuo de liderança pioram mercado de capitais

Não bastasse a diversidade de fatores negativos (políticos, fiscais e sanitários), a aprovação recente da reforma do Imposto do Renda (IR) pela Câmara dos Deputados tornou ainda pior o cenário do mercado de capitais, com ‘direito’ à taxação de 15% sobre dividendos.

Falta liderança – Na opinião de alguns agentes financeiros, a origem do problema seria a “falta de uma liderança política capaz de orientar mudanças”, no sentido de melhorar o ambiente de negócios no país. Para tornar a situação ainda mais complicada ao investidor, há o temor de que os negócios possam ser ainda mais abalados pelas manifestações políticas no feriado de 7 setembro próximo.

Sem rumo – “Um clima de ninguém é de ninguém”, define um gestor, que preferiu o anonimato, ao comentar que as duas derrotas seguidas do governo no Senado (nas matérias, minirreforma trabalhista e contratação de planos de saúde por estatais) reforçam a impressão de que “não há comando em Brasília capaz de orientar a aprovação de medidas que melhorem o rumo da economia e das contas públicas”.

Alta rara – Como reflexo desse conjunto de fatores adversos – riscos fiscais, conflito entre poderes, inflação em ascensão e crise hídrica – na sessão de quinta-feira (2), o Ibovespa fechou em queda de 2,28% (116.677,08 pontos), em que apenas quatro das 84 ações que o compõem tiveram alta.

Bancos ‘sofrem’ – Em comum, analistas apontam os bancos como os mais prejudicados com as mudanças no IR, como a taxação dos dividendos e o fim dos juros sobre capital próprio, que servia de incentivo fiscal para as empresas.

Ações recuperadas – Do ponto de vista do investidor, a queda expressiva de ações das instituições financeiras poderia abrir espaço para uma recuperação, logo depois, sob o bônus incerto de uma mudança no texto do IR, caso este venha a sofrer resistências por parte dos senadores.

Refinar é preciso! – Refinar números e corrigir possíveis desequilíbrios, é o que espera o gerente de renda variável da Porto Seguro Investimentos, Marcelo Faria.

Aquém da meta – Sobre a eficácia da reforma do IR sobre a economia real, a Levante Ideias de Investimentos entende que a medida, além de não representar vitória política palaciana, ficou muito aquém da meta fiscal projetada pelo ministério da Economia.

Vender também! – Ao mencionar a iniciativa do presidente da Câmara, Arthur Lira, de levar à frente a votação da reforma do IR, o chefe de renda variável da Levante, Flavio Conde entende que a votação da matéria levou “o mercado a começar a vender parte de suas posições em ações”.

Novos níveis – Já o fechamento abaixo dos 117 mil pontos pode ser a senha para levar o índice a buscar novos níveis de suporte, por volta dos 114,9 mil pontos, avaliam analistas gráficos do Itaú BBA.

Sem exclusão – Na terceira e última prévia da próxima carteira teórica do Ibovespa (de setembro a dezembro próximo) foram incluídas sete novas ações (trazidas nas prévias anteriores), sem a exclusão de papel algum. Como resultado, a partir da próxima segunda-feira (6), o Ibovespa passará a contar com o inédito conjunto de 91 ações.

Estreantes na B3 – Conforme informação da B3 (B3SA3), as estreantes são: Alpargatas PN (ALPA4), com 0,428% de participação; Banco Inter PN (BIDI4), com 0,171%; Banco Pan PN (BPAN4), com 0,268%; Dexco ON (DXCO3), com 0,240%; Meliuz ON (CASH3), com 0,144%; Petz ON (PETZ3), com 0,282%; e Rede D’Or ON (RDOR3), com 0,926%.