Automobilística
“Não existe mais essa figura do carro popular”, afirma autoridade
Presidente da Anfavea explicou que o carro popular conhecido antigamente já não existe mais. Preço dos automóveis tende a ficar cada vez mais caro.
O apelido “popular” soa como piada atualmente, já que perdeu seu sentido ao longo do tempo. Afinal, as opções mais baratas de carros 0 km de entrada custam mais de R$ 50 mil. Em dez anos, o preço dos chamados “carros populares” quase triplicou. O próprio presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) admitiu isso.
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Luiz Carlos Moraes falou em coletiva virtual de imprensa na última segunda-feira (8). Ele disse que o carro popular não existe mais. “Essa figura do carro popular, eu queria estimulá-los a esquecer, não existe mais essa figura do carro popular, que não tem nada [de tecnologia]. Nós temos que ter, por lei, todos os sistemas, e nós achamos que está correto. Esquece, isso é passado, não tem mais sentido isso”, disse.
Ele continuou o discurso explicando os motivos. “O carro que nós temos que vender hoje não é o mesmo carro da década de 80 […]. Temos muitas tecnologias, que são estabelecidas no regulatório, como segurança, metas de emissões, redução no consumo, ou seja, metas de eficiência energética. Estamos caminhando para esta fase da descarbonização, portanto a eletrificação ou veículos híbridos se tornaram realidade, então não dá mais para imaginar que você vai ter um carro tão simples”, afirmou.
“As exigências ambientais nos obrigam a ter essas tecnologias embutidas no carro. E portanto essa é a nova demanda da sociedade. E isso tem impacto na configuração dos veículos, em termos de segurança, eficiência energética, emissões etc.”
Carro popular
Em fevereiro de 1993, o governo federal assinou a regulamentação do carro popular. A condição era a de que os motores dos veículos não poderiam ter mais do que 1 mil cm³.
Uma vez enquadrado na categoria de carro popular, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) era de apenas 0,1%. Por isso, nessa época, o termo “carro mil” ficou bastante famoso. Eram veículos 1.0 e bastante simples, que tinham um preço final reduzido.
Foi daí que surgiram modelos como o Fiat Uno Mille e o VW Gol 1000, por exemplo. A proposta do carro popular, inicialmente, era a de que ele custasse o equivalente a US$ 7 mil. Na conversão, seria como se um 0 km popular custasse algo em torno R$ 35 mil hoje.
A realidade, no entanto, é bem diferente da ideia inicial. Os carros novos mais vendidos de 2021 são mais caros do que os mais vendidos em 2011. Em apenas uma década, o valor médio dos veículos populares triplicou. Aliás, a potência de muitos carros de entrada é maior do que as dos antigos “carros mil”.
Alta nos preços
O ranking apontado pela Fenabrave dos 10 carros mais vendidos em 2011 reunia apenas modelos compactos. Hatchs e sedãs compactos eram os automóveis com maior volume de venda entre os 0 km da época.
Assim, a média de valor dos 10 mais populares de 2011 ficou em R$ 33.3 mil. Bem diferente de hoje, já que a média de valor dos 10 mais comprados chega a R$ 96 mil.
O carro mais barato da lista, em 2021, é a versão simples do Renault Kwid, que já custa quase R$ 50 mil. O preço mais caro fica por conta do Jeep Compass, com valor de R$ 187 mil.
Para quem não se lembra, o preço de um Chevrolet Celta 0 km em 2011 era de R$ 24.7 mil. Não eram raras promoções de carros simples, duas portas, 0km que custavam perto dos R$ 20 mil. Hoje, esses números soam como um passado bem distante.
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