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Tecnologia

O Metaverso já acabou? Como está hoje a situação do projeto de Zuckerberg

Apontada como a revolução e futuro da internet, a invenção da Meta enfrenta sinais claros de declínio e dificuldades para se massificar

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Desde outubro de 2021, o Facebook passou a se chamar Meta. Além de marcar a nova fase da companhia de Mark Zuckerberg, com a aquisição de WhatsApp e Instagram, a escolha do nome se deu, também, em razão da virada tecnológica da empresa, ao apostar no metaverso.

Um ano e meio depois, fica a pergunta no ar: estamos falando de algo que veio para ficar ou que está apenas de passagem? O que se sabe é que, desde que anunciou fortes investimentos no metaverso, a Meta tem somado prejuízos.

O nome caiu na boca de muita gente, gerou enorme burburinho, empresas começaram a criar espaços virtuais e apostar na mudança, mesmo que a tecnologia não estivesse totalmente consolidada. Passado esse tempo, no entanto, a força parece ter diminuído drasticamente.

A Meta segue acreditando no futuro e aposta na continuidade dos investimentos. Um estudo independente, encomendado pela empresa, avaliou que o metaverso pode render algo em torno de 489 milhões de euros, somente na Europa, até 2035. Isso, no entanto, depende de uma série de fatores.

Proposta e indicativo de queda

O metaverso, basicamente, propõe a mistura do real com o virtual, a partir de uma experiência gerada pelo uso de óculos VR ou de realidade aumentada. Ele foi anunciado como uma verdadeira revolução na maneira como interagimos e nos relacionamos.

Em curto espaço de tempo, já no final de 2022, a novidade apresentou os primeiros indícios de possível declínio. O número de usuários ativos mensais já estava abaixo do que se esperava.

Além disso, a empresa sucumbiu ao cenário de crise global. Esse fator, somado ainda aos maus resultados com a nova tecnologia, gerou a primeira grande demissão do setor tecnológico este ano. A Meta dispensou 11 mil funcionários.

Repercussão e adaptação

Não demorou muito para a imprensa começar a repercutir esses sinais de derrocada. O jornal britânico The Guardian, por exemplo, expressou em um título: “A morte do metaverso de Mark Zuckerberg”.

A intenção da empresa, além de frustrada pelo baixo desempenho, foi atropelada, também, pelo avanço da inteligência artificial. Com a chegada das IAs generativas, as empresas de tecnologia passaram a focar nesse mercado.

A Meta foi obrigada a se adaptar e, em fevereiro deste ano, anunciou a criação de um novo grupo de trabalho voltado para o desenvolvimento de inteligência artificial. A sensação é de que todo esse contexto abafou o metaverso.

Pode ser que o hype volte um dia

A velocidade atual do setor tecnológico é perceptível. Para o autor do livro “Metaversed – See Beyond the Hype” e CMO da KIT-AR, Luís Bravo Martins, tudo parece mais um arrefecimento temporário do metaverso do que o fim em si.

Ele avalia que, pela primeira vez, existirão duas ondas de hype tecnológico em um único ano (IAs e metaverso), e que isso revela muito sobre a velocidade do segmento.

O executivo é cauteloso ao falar sobre um possível fim do projeto de Zuckerberg. Na verdade, ele expressa até certo otimismo. A inteligência artificial generativa, segundo ele, é fundamental para o que se pretende com o metaverso.

Não faz muito sentido falarmos de um inverno do metaverso, mas talvez de um arrefecimento do hype, o que não é mau e nos permite focar no essencial”, aponta ele.

Possível êxito passa pela Apple e Samsung

Um dos focos do metaverso segue sendo a incorporação da realidade virtual no mundo dos games, mas isso, segundo Luís, ainda exige certa mudança comportamental e adesão de outras marcas para se criar um ecossistema compatível.

A troca de um teclado ou console para comandos de voz, gestos e interação com objetos e personagens 3D é considerada uma mudança de interface, de competências e de comportamento. Essa alteração já começou, mas segue lenta.

O que pode influenciar diretamente na aceleração do mercado é a chegada de dispositivos de realidade aumentada feitos por outras empresas. E a Apple e a Samsung têm um papel importante, nesse contexto.

Ao apostar em tecnologias imersivas, essas marcas contribuirão diretamente com a massificação do conceito de metaverso. Pode ser que isso recupere o hype perdido pela companhia de Zuckerberg. Vale a pena esperar.

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), com especialização em Comunicação Digital, e que trabalha há 14 anos como repórter e redator

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