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Economia

Participação brasileira na economia mundial é a mais baixa, em mais de 40 anos

De acordo com o FMI, país responde hoje por, não mais, do que 2,3% do PIB global

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A participação mais baixa na economia global, desde o início da série histórica, em 1980. É dessa forma que o Brasil (12ª maior economia)  deverá encerrar 2023, ao responder, apenas, por 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, estimou estudo divulgado, nesta segunda-feira (1º), pelo Fundo Monetário Nacional (FMI).

Para o organismo multilateral, nos últimos 40 anos – quando respondia por 4% do PIB do planeta – o país ‘vem descendo a ladeira’, ao perder, gradualmente, representatividade internacional e assim deverá continuar nos próximos anos, a despeito dos esforços do governo federal, no sentido de ampliar a presença nacional no exterior, mediante viagens do presidente Lula na China, Estados Unidos e Europa.

Como plano de fundo para tal desempenho adverso no cenário externo, o Fundo aponta o baixo crescimento apresentado pelo país nas últimas décadas, inferior, inclusive, aos seus pares emergentes.

Exemplo disso pode ser dado pelas trajetórias distintas, descritas por países em estágio de desenvolvimento similares, nos anos 80, quando Brasil e Coreia do Sul apresentavam um PIB similar, mas que começaram a se diferenciar, devido ao pesado investimento em educação promovido pela segunda, juntamente com um programa de abertura econômica. O resultado é que, atualmente, o chamado ‘tigre asiático’ exibe uma renda média de US$ 70,2 mil, ao passo que a brasileira não passa de US$ 21,3 mil.

Para chegar aos números sobre o país, o FMI atualiza mensalmente os dados da atividade global, assim como mede a participação dos países na economia mundial, mediante o uso do indicador Paridade do Poder de Compra (PPP, na sigla em inglês), que serve para “deixar mais justa” a comparação entre as diferentes economias.

Segundo o diretor de pesquisa macroeconômica para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, “o Brasil tem um problema sério de crescimento. Perdeu a década de 80, cresceu bem devagar nos anos 90, teve sorte na primeira década deste século por causa do crescimento da China e pelos preços de commodities, mas os últimos anos voltaram a ser perdidos”. Para ele, essa é “uma agenda que começa dentro de casa. A economia brasileira não vai abrir por causa de duas, 15 viagens. Se o País investir em educação, fica mais competitivo, essa inserção na economia acontece naturalmente”.

Já o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, acentua que “depois do ciclo do crescimento com industrialização dos anos 30 ao final dos anos 70, o Brasil parou de se desenvolver”, pois tal ciclo “não foi acompanhado por fatores essenciais para uma economia capitalista moderna – um deles é a educação”.

Embora tenha conseguido ampliar os anos de escolaridade da população, mesmo sem garantir boa qualidade, Holland admite que, “infelizmente, para padrões internacionais, a qualidade educacional brasileira é extremamente trágica, desde a primeira infância, passando pelo ensino básico e médio”.

De acordo com a economista e sócia da consultoria Tendências, Alessandra Ribeiro, a adoção de políticas econômicas equivocadas ‘jogaram por terra’ a oportunidade aberta pela implantação do Plano Real e a estabilização dos preços, potencializada pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), além da fixação de metas de inflação; autonomia do Banco Central (BC) e a promoção de privatizações.

A despeito de certo controle sobre o processo inflacionário, tais equívocos, segundo ela, teriam resultado em uma “severa crise fiscal e provocou anos de dura recessão” [como em 2015 e 2016], “seguidos por períodos de baixo crescimento do PIB, agravados pelos impactos provocados pela pandemia de covid-19”.

Em consequência, prossegue a economista, a estagnação econômica, perpetuada por décadas, fez com que o Brasil caísse na chamada armadilha da renda média, em que a melhoria de PIB per capita não garantiu o acesso do país ao seleto grupo de economias desenvolvidas.

“Colocar a economia em ordem está custando dez, 11 anos, mas, mais do que colocar a casa em ordem, o Brasil tem uma longa agenda para virar a página do baixo crescimento. Além de investir em capital humano para qualificar a mão de obra, será preciso avançar no ambiente de negócios, na qualidade de investimento tanto em capital físico como em pesquisa e inovação e abrir a economia brasileira para o mundo”, pontua Alessandra.

Falando sobre as perspectivas tupiniquins, a economista da Tendências condiciona a melhoria do quadro doméstico “ao retrocesso em política fiscal, a retomada do papel do Estado como pilar do desenvolvimento, o avanço da reforma tributária e dos acordos comerciais, para que seja possível aspirar a um crescimento (maior)”, afirma Alessandra, ao concluir que, “agora, é difícil afirmar que o Brasil vai aumentar a sua participação no PIB global, porque os outros países também estão caminhando.”

Sou um profissional de comunicação com especialização em Economia, Política, Meio Ambiente, Ciência & Tecnologia, Educação, Esportes e Polícia, nas quais exerci as funções de editor, repórter, consultor de comunicação e assessor de imprensa, mediante o uso de uma linguagem informativa e fluente que estimule o debate, a reflexão e a consciência social.

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