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Economia

Petrobras: guerra israelense-palestina deve elevar preço do diesel

Prates: ‘estratégia comercial’ da estatal deverá reduzir impacto da disparada de derivado do petróleo

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“A nova estratégia comercial da Petrobras vai ajudar a mitigar [compensar] uma eventual disparada dos derivados [do petróleo], como o diesel, que já vinha sendo pressionado”. A informação foi dada, nessa segunda-feira (9) pelo presidente da estatal, Jean Paul Prates, ao comentar o conflito no Oriente Médio, protagonizado por Israel e o grupo terrorista palestino Hamas.

“Provavelmente vamos ter mais volatilidade no preço, o que vai salientar de novo a utilidade da política de preços que a gente tem colocado em prática com o governo federal”, afirmou Prates, pouco antes de participar de evento promovido pelo consulado da Noruega, no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.

A respeito dos desdobramentos do conflito, o dirigente da petroleira assinalou ser previsível a aceleração do preço do diesel. “Não tem de fazer muito mais do que a gente está fazendo, tem de ir acompanhando os preços, principalmente do diesel, e ir se organizando”, disse, emendando, em seguida: “Isso não quer dizer que vamos fazer ajuste o tempo todo”.

Como Prates não explicitou qual seria a ‘estratégia comercial’ da companhia, após o abandono do critério global de preço de paridade internacional (ppi), o site Capitalist exibe o comunicado da estatal, publicado em maio deste ano, que fornece informações mais consistentes sobre o assunto.

De acordo com o texto, a propalada estratégia comercial se basearia em duas referências centrais de mercado:

  • Custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação.
  • Valor marginal para a Petrobras.

Dessa forma, o custo alternativo do cliente contemplaria as principais alternativas de suprimento, como fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos, enquanto o valor marginal para a Petrobras decorre do custo de oportunidade, dadas as diversas alternativas para a companhia dentre elas, produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino.

Em seu informe, a estatal assinala que os reajustes (de preços) continuarão sendo feitos sem periodicidade definida, evitando o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio.

Por fim, a Petrobras esclarece que a estratégia comercial “tem como premissa preços competitivos por polo de venda, em equilíbrio com os mercados nacional e internacional, levando em consideração a melhor alternativa acessível aos clientes”, de modo que a companhia “possa competir de forma mais eficiente, levando em consideração a sua participação no mercado, para otimização dos seus ativos de refino, e a rentabilidade de maneira sustentável”.

Como argumento derradeiro, o informe ressalta que, com a mudança (de estratégia comercial), a estatal “passa a ter mais flexibilidade para praticar preços competitivos, se valendo de suas melhores condições de produção e logística e disputando mercado com outros atores que comercializam combustíveis no Brasil, como distribuidores e importadores”.

As declarações de Prates, todavia, ocorrem num cenário de crise internacional da commodity energética, marcado, além do conflito israelense-palestino, pelos cortes de produção efetuados pela Arábia Saudita e Rússia, que retiraram do mercado 1,3 milhão de barris por dia. Além desses fatores, também pressionam as cotações globais do petróleo a demanda crescente da China, a segunda economia do planeta.

“A ficha do mercado caiu, o mercado ficou deficitário. Está se consumindo mais do que produzindo. Isso vai levar a um enxugamento de estoques neste segundo semestre, e os preços estão refletindo esse cenário”, admite o economista e sócio da Tendências Consultoria, Walter de Vitto, ao lembrar que “depois da pandemia, a Opep fez cortes para ajustar o mercado. Houve um descasamento muito grande entre demanda e oferta naquele momento, e acumulou-se muito estoque. Quando os estoques recuaram e estavam num nível de maior equilíbrio, (os países) começaram a aumentar a produção”.

Para a Tendências, a perspectiva é de que os preços do petróleo fiquem mais ‘pressionados’ no curto prazo, com viés de arrefecimento [queda moderada] na cotação. Em relação ao final do ano, a consultoria prevê um ‘relaxamento’ do corte de produção, seguido de uma provável queda da demanda, devido à provável ‘desaceleração’ da economia mundial em 2024. “Os estoques devem refletir um cenário de maior equilíbrio do mercado”, concluiu de Vitto.

Sou um profissional de comunicação com especialização em Economia, Política, Meio Ambiente, Ciência & Tecnologia, Educação, Esportes e Polícia, nas quais exerci as funções de editor, repórter, consultor de comunicação e assessor de imprensa, mediante o uso de uma linguagem informativa e fluente que estimule o debate, a reflexão e a consciência social.

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