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Economia

Preço do ovo no Brasil sofre com o calor extremo, alta do milho e quaresma

Levantamento da Associação Brasileira de Proteína Animal.

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O preço do ovo de galinha disparou no Brasil nos últimos meses, impulsionado por uma combinação de fatores sazonais, mudanças climáticas, aumento da demanda e elevação nos custos de insumos como milho e farelo de soja. O movimento de alta começou na segunda quinzena de janeiro e ganhou força ao longo de fevereiro, colocando o produto entre os principais vilões da inflação. No mês passado, o preço dos ovos subiu 15,4%, o maior aumento dentro do segmento de alimentação e bebidas, levando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do grupo a registrar alta de 0,79%.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a elevação é típica do começo do ano, especialmente durante a Quaresma, quando a demanda aumenta devido à substituição da carne vermelha por proteínas mais leves, como carnes brancas e ovos. Contudo, em 2025, a situação se agravou com o aumento do preço do milho, que acumula mais de 40% de alta desde março de 2024, e o calor extremo que atingiu as regiões produtoras, reduzindo a produtividade das matrizes poedeiras em até 10%.

Outro fator que prejudicou a oferta foi o descarte de aves mais velhas, cuja reposição não acontece de imediato, gerando um desequilíbrio no mercado. A ABPA também destacou que a composição de custos para a produção de ovos é complexa, incluindo itens como embalagens plásticas, combustíveis, energia elétrica e aminoácidos importados para a ração das aves, como Treonina, Triptofano e Lisina.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mencionou o aumento do preço dos ovos em um evento realizado no início de março, em Campo do Meio (MG), e criticou os “atravessadores” como responsáveis pela alta nos preços. “Eu quero encontrar uma explicação para o preço do ovo. O ovo está saindo do controle. Uns dizem que é o calor, outros dizem que é exportação, e eu estou atrás [da explicação]”, declarou o presidente.

Alta no atacado 

Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, apontam um aumento expressivo nos preços dos ovos no atacado. Em Bastos (SP), principal região produtora, o preço da caixa com 30 dúzias de ovos brancos do tipo extra saltou de R$ 141,95 em janeiro para R$ 201,77 em fevereiro, um aumento de 42%. A valorização foi intensificada pela baixa oferta interna, resultado do descarte de poedeiras mais velhas e do impacto de sucessivas ondas de calor que prejudicaram a produção.

De acordo com a pesquisadora Claudia Scarpelin, do Cepea, a perspectiva para os próximos meses dependerá da relação entre oferta e demanda. “Após a Quaresma, é comum que a demanda pela proteína se estabilize. Se a oferta estiver equilibrada, os preços podem permanecer estáveis ou até mesmo recuar”, explicou.

Exportação não impacta preços internos 

Apesar do aumento das exportações de ovos em fevereiro – alta de 57,5% na comparação anual, com embarque de 2.527 toneladas –, a ABPA afirma que isso não influenciou os preços no mercado interno. Os principais destinos foram Emirados Árabes Unidos (548 toneladas), Estados Unidos (503 toneladas) e Chile (299 toneladas). No entanto, o volume exportado representa apenas 0,9% da produção nacional, que deve alcançar 3,6 milhões de toneladas neste ano, com consumo médio de 272 unidades por pessoa.

Mesmo diante do desafio de manter os custos sob controle, a ABPA ressalta a necessidade de ações que reduzam os gastos com insumos, como tarifas de importação de aminoácidos e resinas plásticas. Por enquanto, o setor segue em alerta, aguardando uma possível estabilidade após a Quaresma e torcendo por condições climáticas mais amenas que favoreçam a produtividade.

(Com Agência Brasil).

Redatora. Formada em Técnico Contábil e Graduada em Gestão Financeira. Contato: simonillalves@gmail.com.

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