Economia
Produção industrial em agosto avança em nove de 15 locais pesquisados
Avanço de 3% da indústria paulista, ‘motor nacional’, ocorre após dois meses de queda
Ainda sob o peso dos juros elevados sobre a atividade, a produção industrial brasileira avançou em nove dos 15 locais pesquisados em agosto, ante o mês anterior, ao crescer 0,4% nesse período, segundo aponta a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional, divulgado nesta terça-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Responsável por 33% da produção industrial tupiniquim, São Paulo avançou 3% em agosto, após recuo em julho, resultado que teve o maior impacto no resultado nacional. Para o analista da pesquisa, Bernardo Almeida, “essa alta [paulista] vem após dois meses seguidos de queda, período em que a indústria paulista acumulou perda de 3,3%. O aumento se dá pela influência dos setores de produtos químicos, alimentícios e de veículos. No mês anterior, o setor de veículos apresentou retração e o crescimento de agosto representa um movimento compensatório”.
No detalhe, a expansão industrial mais expressiva do Amazonas em agosto (13,14%) – a maior, desde dezembro de 2021 – serviu para recuperar parcialmente a perda acumulada de 13,7% nos dois meses anteriores e representou o segundo maior impacto no resultado geral.
Na avaliação de Almeida, “o Amazonas encabeça a lista de estados com maior variação absoluta na passagem de julho para agosto. Os setores que mais se destacaram foram os de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos e de outros equipamentos de transporte, que são bastante atuantes dentro da indústria amazonense”.
Também exibindo recuperação, a produção industrial do Espírito Santo avançou 5,2% em agosto, superando uma queda de 1,7%, no mês anterior. “Esse avanço teve como maior influência os resultados positivos do setor extrativo, que também impactou o recuo no mês anterior. Como a indústria capixaba é pouco diversificada, esse setor tem grande peso na formação industrial do estado”, comenta o analista da pesquisa.
Já o Rio Grande do Sul, cuja produção industrial cresceu 4,3%, vinha de uma sequência de três meses de queda, acumulada em 1,6% no período. “Na indústria gaúcha, a alta decorre da reação dos setores de veículos e de derivados de petróleo. Assim como ocorreu em São Paulo, o segmento de veículos apresenta um movimento compensatório, uma vez que houve queda no mês anterior. É um movimento estratégico dentro da própria atividade para equilibrar a oferta e a demanda”, comenta.
Igualmente positivas foram as produções industriais dos seguintes estados: Paraná (3,5%), Rio de Janeiro (1,7%), Goiás (1,0%), Mato Grosso (0,6%) e Santa Catarina (0,5%).
Pelo viés de queda, recuaram as produções industriais dos estados do Pará (-9,0%) – pelo terceiro mês seguido – e Bahia (-4,1%), pelo segundo mês consecutivo. “O Pará foi o principal impacto negativo sobre o resultado da indústria nacional, tendo como maiores influências os setores extrativos e de minerais não metálicos. A indústria do estado também é pouco diversificada e quando há uma maior variação no setor extrativo, há uma variação expressiva do setor industrial paraense como um todo”, conclui Bernardo Almeida. Os outros locais que também recuaram frente a julho foram Ceará (-3,8%), Pernambuco (-1,7%), Região Nordeste (-1,4%) e Minas Gerais (-0,7%).
Se considerado o comparativo anual (agosto/23 para agosto/22), a indústria nacional cresceu 0,5%, com expansão em 11 dos 18 locais pesquisados, com destaque para o Rio Grande do Norte (49,8%) e Espírito Santo (26,3%), em que o setor potiguar recebeu impulso dos bons resultados do coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (óleo diesel, óleos combustíveis e querosenes de aviação), ao passo que a capixaba foi beneficiada pelo desempenho positivo das indústrias extrativas (óleos brutos de petróleo, minérios de ferro pelotizados ou sinterizados e gás natural).
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