Economia
Quadro para PIB em 2020 continua o mesmo e poupança endossa fim de auxílio, diz Sachsida
Ministério da Economia irá manter sua expectativa de recuo da atividade de 4,5% para 2020, disse o secretário.
O secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, disse nesta quinta-feira que o quadro geral para este ano continua o mesmo após a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, destacando que o Ministério da Economia irá manter sua expectativa de recuo da atividade de 4,5% para 2020.
Sachsida também apontou, em entrevista à Reuters, que o dado de poupança revelado hoje pelo IBGE sustenta a perspectiva de que a economia terá força o suficiente para engrenar em 2021 sem auxílios do governo. O auxílio emergencial, medida de maior custo para enfrentamento à crise da pandemia, chegará ao fim em dezembro, ao custo total de 321,8 bilhões de reais.
Se por um lado o avanço do PIB de 7,7% no terceiro trimestre ante o trimestre anterior ficou abaixo do nível superior a 8% esperado por muitos, por outro, houve revisão do recuo no segundo trimestre a 10,9% na comparação anual, de 11,4% anteriormente.
“A gente tem que olhar o resultado conjuntamente. Por quê? Porque o segundo trimestre veio melhor também, houve revisão de 0,5 ponto”, disse o secretário.
“Então quando você olha no conjunto, e acima de tudo com esse dado de poupança, ele nos dá muita convicção de que a economia continua avançando e vai ter a tração necessária para o começo de 2021 sem a necessidade de auxílios governamentais”, acrescentou.
A previsão da própria Secretaria de Política Econômica (SPE) era de alta de 8,3% no PIB no terceiro trimestre, e de queda de 3,9% na comparação com um ano antes, número confirmado mais cedo pelo IBGE.
“Quando você olha no conjunto das revisões que ocorreram, o segundo trimestre veio melhor e isso mais ou menos gera o mesmo impacto para o ano. Ou seja, a grande figura para o ano continua uma recuperação forte no terceiro e quarto trimestres”, disse Sachsida.
Enquanto no terceiro trimestre a indústria e o comércio foram os destaques nesse movimento, no quarto trimestre a maior recuperação virá do setor de serviços, segundo ele.
O secretário afirmou ainda que previsão da SPE segue sendo de retração do PIB brasileiro de 4,5% para este ano, estimativa que foi elevada no mês passado de uma queda de 4,7% registrada antes.
Taxa de poupança
O secretário também pontuou que os dados divulgados nesta manhã pelo IBGE sobre a taxa de poupança reforçam a confiança quanto à força da retomada para 2021. A SPE estima que PIB crescerá 3,2% no próximo ano.
De julho a setembro, a taxa de poupança foi de 17,3% do PIB, maior patamar para o período desde 2013 e com alta de 3,7 pontos sobre o mesmo trimestre de 2019. A SPE destacou que este foi o maior avanço interanual para o período desde o início da série histórica do IBGE.
Sachsida acredita que os dados ilustram que houve economia generalizada devido às restrições impostas para conter a pandemia.
“Em outras palavras, várias pessoas que receberam o auxílio emergencial conseguiram poupar parte daquele recurso. Várias pessoas da classe média conseguiram economizar e poupar dinheiro gastando menos com transporte, começaram a trabalhar em home office. Várias pessoas da classe média alta economizaram porque não iam em restaurante. Várias pessoas ricas economizaram mais porque não viajaram”, disse.
“Então você tem uma poupança espalhada por todos os estratos de renda da população, que parte disso vai virar consumo no primeiro trimestre de 2021 e parte disso vai manter a oferta de crédito elevada também. Então isso ajuda na recuperação do primeiro semestre do ano que vem”, estimou.
Sobre a agenda de reformas, tema central na avaliação do país por investidores, Sachsida afirmou que está ficando claro que a pauta do governo tem parceria com o Congresso Nacional, já que apesar da crise houve a aprovação da nova lei de falências e do novo marco do saneamento, vem como apreciação parcial da autonomia do Banco Central e do novo marco para o gás.
Mas para a economia retomar crescimento a taxas mais significativas, o Brasil deve insistir na agenda de reformas econômicas pró-mercado e na sua consolidação fiscal, ponderou Sachsida.
Consideradas essenciais para a organização das contas públicas e para possibilitar algum remanejamento de gastos sem furar a regra do teto, as propostas associadas ao Pacto Federativo, por exemplo, foram encaminhadas ao Congresso no fim de 2019, mas ainda não mostraram progresso.
O secretário afirmou que o importante é manter a indicação de continuidade da agenda.
“A agenda de consolidação fiscal não acaba em 31 de dezembro, não é tudo ou nada, ela vai continuar”, disse Sachsida.
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