Empresas
Raízen investe em biogás de cana e foca aquisições em geração distribuída
Companhia tem planos de usar o biogás de cana para atender diretamente a demanda de clientes por eletricidade.
A Raízen inaugurou nesta sexta-feira sua nova usina de geração de energia com biogás produzido a partir de subprodutos de cana, técnica que a companhia tem planos de testar para eventual utilização em seus caminhões e tratores.
A empresa pretende usar esse biogás de cana para suprir diretamente a demanda de clientes por eletricidade por meio de geração distribuída (GD), disse Ricardo Mussa, presidente da Raízen.
Esse modelo de negócios tem registrado crescimento acelerado no Brasil, principalmente com instalações que incluem placas solares em telhados ou terrenos para atender a necessidade de residências e empresas, e Mussa afirmou que a Raízen tentará crescer nesse nicho, inclusive com possíveis aquisições ou parcerias.
Joint-venture da Cosan com a anglo-holandesa Shell, a Raízen já finalizou a implementação de seus primeiros sistemas de geração distribuída, com tecnologia solar, e quer aumentar a velocidade dos investimentos no setor, já que prevê que isso trará vantagem sobre os concorrentes nesse nicho por causa da grande carteira de clientes para os quais a produção das instalações de GD poderia ser vendida.
“Meu principal gargalo hoje é a velocidade de implementação de mais projetos. Isso nos leva até a pensar: será que não tem projetos prontos no mercado, empresas com quem possamos conversar? A resposta é sim, estamos buscando parcerias, aquisições, para acelerar o projeto de GD dentro da companhia”, disse Mussa.
Segundo CEO, parceiros da empresa como postos de gasolina e outros clientes, indicaram em um evento que têm interesse até maior do que se esperava por soluções envolvendo GD.
“Já conseguimos o mais difícil, que é ter um mercado e um produto bem aceito por esse mercado”, acrescentou.
Mas busca por possíveis compras ou associações mira empreendimentos de GD solar, tendo em vista que na área de biogás a Raízen pretende apostar em projetos próprios, a serem desenvolvidos por sua joint venture com a Geo Energética para investimentos em biogás, a Raízen Geo Biogás.
Biogás e Biometano
Raízen Geo Biogás ficará responsável pela operação e comercialização da produção da usina de geração a partir de biogás inaugurada nesta sexta-feira em Guariba, interior de São Paulo.
Com 21 megawatts em capacidade, a usina tem tecnologia para funcionar tanto com torta de filtro quanto com vinhaça, subprodutos da cana-de-açúcar. A planta, que recebeu investimentos de cerca de 153 milhões de reais, vendeu antecipadamente a produção em um leilão realizado pelo governo em 2016 para atender à demanda futura por energia.
A Raízen já identificou outras 10 de suas unidades que poderiam ser alvo de iniciativas similares para produção de biogás. “A ideia é que a gente não precise de leilão para seguir com novos projetos”, explicou Mussa.
Para que qualquer outro passo seja dado a respeito de qual a melhor tecnologia a ser adotada nas próximas iniciativas em biogás, os resultados da primeira usina serão observados com atenção.
“Claro que não vamos sair como loucos fazendo projetos, mas não tenho dúvida de que outras virão. E as novas plantas que vão ser construídas, gostaria muito de construí-las nesse formato novo. Queremos no início da próxima safra ter isso bem claro, (mas) pode ser que os testes demorem mais.”
O CEO disse ainda que vê um potencial ainda maior para biometano a ser fabricado com os mesmos subprodutos da cana, que poderia possivelmente ser usado em caminhões ou tratores da frota própria da companhia.
Visando verificar se o biometano se adequará à realidade dos trabalhos no campo, seu uso nos veículos está sendo testado em parceria com a Scania.
“Eu acredito mais até no biometano, acho que ele tem o valor agregado da substituição do diesel, é maior que energia elétrica. Tem também uma série de externalidades positivas para nossa produção de açúcar e etanol. Você torna o etanol mais sustentável, o açúcar mais sustentável, pois está tirando o combustível fóssil”, explicou Mussa.
De acordo com ele, o movimento permitira até uma maior criação de valor para a Raízen por meio da emissão de mais CBIOs, os créditos de descarbonização.
Os CBIOs foram Criados no âmbito do RenovaBio, um programa do governo para fomentar biocombustíveis, e precisam ser adquiridos por distribuidoras de combustíveis para compensar emissões pela venda de combustíveis fósseis.
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