Commodities
Reajustes de preços da Petrobras podem ampliar defasagem para cotações externas
Em opinião dividida, analistas manifestam preocupação com saúde financeira de petroleira
Além de dividir opiniões entre analistas quanto ao acerto da estratégia comercial tomada pela Petrobras – que anunciou, nessa quinta-feira (19), a redução de 4,1% do preço do litro da gasolina A e o aumento de 6,58% o valor do litro do óleo diesel A – pode surtir efeito contrário sobe a saúde financeira da petroleira, uma vez que a mudança ampliaria, ainda mais, a defasagem ante às cotações internacionais.
Enquanto o mercado avalia o grau de incerteza com relação à política de preços da companhia, o analista da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, calcula que o preço da gasolina teria de ser reajustado em mais R$ 0,30 e o do diesel, em R$ 0,35, para se equiparar ao exterior.
Na avaliação da Ativa, no que toca à inflação, o corte de 4% da gasolina, equivalente a R$ 0,12 por litro, poderá reduzir em oito pontos base (0,6 ponto percentual) o IPCA, enquanto o diesel, elevado em R$ 0,25 o litro do combustível, corresponderia a uma alta de 6,6% para as distribuidoras e de 3,6% ao consumidor final.
“Em termos diretos para o IPCA o impacto é nulo, visto que o peso do subitem é de apenas 0,23%, ante 4,8% da gasolina. Contudo, indiretamente, o impacto é gigantesco em função da matriz de transportes de bens da nação, mas o seu repasse ao consumidor tem uma defasagem temporal maior e o coeficiente é mais incerto”, avalia Sanchez.
O Itaú BBA, por sua vez, observou que os ajustes aplicados aos combustíveis evidenciam o ‘compromisso da estatal em mantê-los dentro de uma determinada faixa indicativa, mas sem sujeita-los à volatilidade de mercado ao consumidor’.
Para os analistas Monique Greco, Bruna Amorim e Eric de Mello, o reajuste de 4% nos preços da gasolina permite que o combustível se aproxime do teto da faixa de preços indicativa, ante a redução recente nos spreads internacionais. A alta de 7% do diesel, por sua vez, é um indicativo de que a Petrobras tenciona manter o derivado na faixa indicativa de preços, dentro do critério de ‘custo de oportunidade’ e o mix entre produção própria e importação.
Já os analistas Rodolfo Angele, Milene Clifford Carvalho e Henrique Cunha apontam que, após os reajustes, a gasolina passou a estar defasada em 8,3% sobre os preços internacionais, ao passo que o diesel agora custa 8,9% menos que no exterior.
“Esse foi o segundo aumento do diesel feito pela nova diretoria, o que deve acalmar investidores”, prevê o JPMorgan, em nota, ao estimar que a defasagem do diesel, antes, estava em torno de 14%.
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