Ações, Units e ETF's
Risco de intervenção federal não subtrai liderança de Petrobras do ranking de dividendos
Mercado ‘dá como certa’ distribuição de R$ 18 bilhões pela estatal, em 19 de janeiro próximo
Mesmo após ter sido excluída da maior parte das carteiras recomendadas por analistas de mercado – face ao temor de o governo Lula interferir na governança da estatal, afetando seus lucros – a Petrobras continua a liderar o ranking de bons pagadores de dividendos para 2023.
Desse modo, a expectativa do mercado é de que a petroleira distribua, em 19 de janeiro próximo, dividendos de R$ 18 bilhões, correspondentes a R$ 1,67 por ação (R$ 1,60 em dividendos e R$ 0,07 em JCP – juros sobre capital próprio), referentes à segunda parcela de lucros referentes ao terceiro trimestre de 2022 (3T22).
Segundo o head de renda variável da Valor Investimentos, Felipe Leão, o pagamento dos benefícios aos acionistas deverá acontecer. “É um total que já foi provisionado, com emissão de Fato Relevante à CVM (Comissão de Valores Imobiliários, a ‘xerife do mercado de capitais’) e deve acontecer.
Por enquanto, permanece pendente de confirmação, o pagamento de uma parcela de R$ 43,7 bilhões, relativa ao quarto trimestre de 2022 (4T22), a qual já teria sido aprovada pelo conselho de administração da estatal, em novembro passado. Em 2021, a companhia distribuiu dividendos no montante de R$ 72,7 bilhões, e de R$ 217,1 bilhões, no ano passado.
Estudo elaborado pela plataforma de investimentos TradeMap indica a possibilidade de pagamentos de dividendos expressivos este ano, desde que seja mantida a atual política de distribuição de resultados pela empresa. Neste caso, se a Petrobras tiver auferido em 2022 um lucro maior do que no ano anterior, mediante a manutenção das regras atuais, a projeção para 2023 é de dividendos da ordem de 68,32%, superior aos 58,65%, do ano passado.
“De fato, a Petrobras entregou dividendos recordes no ano de 2022. Só que agora, com a mudança de governo, fica sempre o questionamento de como será a nova gestão, considerando que a Petrobras é uma estatal” observa o assessor de renda variável da SVN Investimentos, Alysson Gregorio, ao acrescentar que “o presidente Lula e membros de sua equipe já deram declarações negativas sobre os dividendos distribuídos pela empresa alegando que, com esta distribuição alta de dividendos, a empresa está deixando de reinvestir na própria operação. Os sinais da nova equipe são que, sim, os dividendos serão menores”.
Do ponto de vista legal, pelo seu estatuto, a companhia, prossegue Gregorio, se compromete a garantir uma remuneração mínima anual de US$ 4 bilhões para exercícios, em que o preço médio do Brent superar US$ 40/bbl (barril stock tank, medida-padrão de volume de petróleo correspondente a cerca de 159 litros). Neste aspecto, a distribuição de dividendos ocorrerá, independentemente do nível de endividamento da empresa.
Quanto às perspectivas para este ano, para Felipe Leão, como “houve uma distribuição maciça no ano passado, e isso não deve se repetir”, emendando ser necessário “lembrar que parte desses lucros vai para o caixa do governo para cobrir o rombo fiscal”.
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