Safras reduz projeção para milho 20/21 do Brasil após seca e aumenta embarques de soja

A consultoria Safras e Mercado estimou nesta sexta-feira que a produção brasileira total de milho 2020/21 deve somar 112,865 milhões de toneladas, quantidade ainda recorde e 5,65% acima resultado da temporada anterior, mas menor que as 116,427 milhões projetadas em outubro devido aos impactos da seca sobre o plantio de verão.

A área total de milho, por sua vez deverá se estender por 20,173 milhões de hectares em 2020/21, com aumento de 3,6% na comparação com 2019/20, acima também dos 20,022 milhões de hectares esperados na estimativa de outubro.

“Os efeitos da falta de chuva foram significativos, especialmente em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, que deverão registrar volumes de produção 33,9% e 30,1% menores, respectivamente, em relação à safra de verão 2019/20”, afirmou Paulo Molinari, analista da consultoria.

No final do mês passado, representantes do setor no Rio Grande de Sul, maior produtor de milho na primeira safra do país, haviam informado perdas irreversíveis nas lavouras do cereal por causa da seca.

A expectativa atual para o Paraná é de que a produção encolha 7,9% frente o volume registrado no primeiro ciclo da safra anterior, disse ele.

Dessa forma, a previsão para produção de milho verão foi revista para baixo e passa a ser de 19,052 milhões de toneladas, 17,7% a menos do que em igual período da temporada passada. No relatório de outubro, o volume esperado era de 22,851 milhões de toneladas.

A Safras melhorou sua previsão da área cultivada na safra de verão do cereal para 3,953 milhões de hectares no centro-sul do Brasil, um corte de de 2,6% frente o ano anterior.

“Houve algumas correções para cima em alguns Estados frente aos números indicados em outubro…”, explicou Molinari.

Devido aos efeitos da estiagem, o consultor frisou que a produtividade média deverá chegar a 4.820 kg por hectare na temporada de verão 2020/21, abaixo dos 5.928 kg por hectare estimados anteriormente e menor do que os 5.709 kg de 2019/20.

Segunda safra

Os preços altos da saca de milho em todo o Brasil seguem estimulando os produtores a expandir a área cultivada na segunda safra 2020/21, disse Molinari.

Dessa forma, a consultoria espera ampliação de 6,2% na área, que deve ser recorde, para 14,087 milhões de hectares, contra os 13,270 milhões no ciclo anterior. A previsão de outubro era de uma área de 14,069 milhões de hectares.

Embora haja algum atraso no início do plantio da soja, a previsão é de aumento da produtividade média para 5.943 kg por hectare, o que ajuda a produção da “safrinha” a alcançar 83,725 milhões de toneladas, crescimento de 13,95%.

Soja

As exportações de soja do Brasil devem chegar a 82,8 milhões de toneladas neste ano e 83 milhões no ano que vem, prevê a consultoria, aumentando suas estimativas ante a projeção anterior.

A Safras & Mercado estimava em setembro  que 82,5 milhões de toneladas seriam exportadas pelo país em cada temporada.

A expectativa no mercado doméstico é que o esmagamento da oleaginosa atinja 44,5 milhões de toneladas em 2020 e aumente para 45,7 milhões em 2021, um crescimento de 3% entre temporadas.

A produção de soja em 2020/21 continua estimada em 133,5 milhões de toneladas, seguindo as projeções feitas em outubro, mas o analista da consultoria Luiz Fernando Roque acredita que revisões para baixo podem ocorrer nas próximos relatórios.